Vários veículos de imprensa internacional repercutiram a prisão realizada, na manhã deste domingo (24/3), de três suspeitos de envolvimento no assassinato da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSol), ocorrido em 2018, e a entrevista do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Publicações dos Estados Unidos e do Reino Unido deram destaque ao caso, enquanto que, na Argentina, o assunto passou ao largo.
A Polícia Federal prendeu o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), o irmão dele Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três foram transferidos para Brasília, onde devem ficar encarcerados no presídio federal na região da Papuda.
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O jornal britânico The Guardian, na capa de seu site, destacou no título a prisão de dois políticos e do ex-chefe da polícia do Rio de Janeiro. "Relatos locais afirmavam que Ronnie Lessa havia acusado Barbosa de autorizar o assassinato e garantir que os mentores nunca seriam pegos", disse a reportagem, que estava entre as mais lidas da publicação.
O diário destacou que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, “começou a chorar ao receber a notícia do possível envolvimento de Barbosa ao vivo pela televisão brasileira”. “Eles assassinaram minha irmã, mas não vamos desmoronar… Estamos aqui e aqui permaneceremos, defendendo o legado de Marielle”, afirmou a ministra.
A viúva de Marielle Franco, Mônica Benício, também manifestou indignação com o suposto envolvimento do ex-delegado. “Isto não é apenas uma traição, é um ataque à própria democracia. E infelizmente revela muito sobre a política no Rio de Janeiro e como o submundo está ligado à polícia”, disse ela aos repórteres, acrescentou a reportagem.
O jornal norte-americano The New York Times também publicou matéria sobre a prisão dos dois políticos acusados de mandarem matar a rival, Marielle Franco, “que era conhecida por lutar contra a corrupção e a violência policial”. “Ela rapidamente se tornou talvez a voz mais forte contra a notória violência do Rio, argumentando que ela estava enraizada em profunda desigualdade e em uma força policial corrupta e brutal. Ela também enfrentou as milícias do Rio, os grupos paramilitares criminosos fundados por ex-policiais que controlam muitas favelas e extorquem seus moradores”, destacou a reportagem.
O The Washington Post, também dos Estados Unidos, destacou a prisão citando que, após vários anos, a tradicional pergunta dos brasileiros Quem mandou matar Marielle? "começa a ser respondida pela polícia, agora, seis anos após o assassinato", com a prisão dos três suspeitos.
Na Argentina, contudo, dois dos principais jornais do país vizinho, ignoraram o fato até o horário da publicação desta matéria. No Clarín, por exemplo, além da lembrança do “Dia da memória” dos 48 anos do último golpe militar e das manifestações da esquerda e dos defensores dos direitos humanos, ficaram entre os destaques o bombardeio na Rússia e o caso de câncer da britânica Kate Middleton, princesa de Gales. O mesmo fez o rival La Nación, que não havia citado o caso brasileiro.
Agências internacionais, como a Associated Press e a Reuters, também divulgaram notícias sobre a prisão dos suspeitos de mandarem mater a ex-vereradora. A AP, por exemplo, informou que o fato é "um passo muito aguardado após anos de clamor da sociedade por justiça", e a Reuters, também reforçou que a morte de Marielle "desencadeou protestos em todo o país por brasileiros cansados da violência endêmica", informou à Agência Estado.
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