A executiva da União Brasil decidiu, ontem, afastar provisoriamente o deputado federal Luciano Bivar (PE) da presidência do partido. O parlamentar corria o risco de ser expulso, mas os integrantes da sigla preferiram amenizar a punição em função de uma disputa pelo comando da legenda com o presidente eleito Antônio Rueda — que inclui ameaças e acusações mútuas sobre malversação de recursos da legenda.
O confronto entre os dois dirigentes chegou ao ápice depois que as casas de Rueda e da irmã dele, Maria Emília — que é tesoureira do União —, pegaram fogo, em Ipojuca (PE). O afastamento de Bivar foi decidido por 11 x 5, depois de uma votação tumultuada.
Segundo o secretário-geral do partido, ACM Neto, a destituição de Bivar da presidência é, por ora, a medida mais adequada. Porém, a legenda encaminhou ao Conselho de Ética do União uma ação que pode expulsá-lo.
"A expulsão, que pode acontecer ou não, seria uma pena mais apropriada depois que o processo fosse todo esgotado, com o direito à ampla defesa", observou. Para ACM Neto, o momento é de "virar a página" e focar nas eleições municipais. "Essa é a prioridade, aproveitar esses últimos 15 dias de janela partidária. Temos a possibilidade de filiação de alguns candidatos, em cidades importantes do país, e essa vai ser a prioridade agora: buscar o maior número possível de candidatos a prefeito e a vereador que vão disputar as eleições de 2024", adiantou.
Na reunião de ontem, Bivar participou por meio de videoconferência. A certo momento, teve o microfone cortado ao tentar interferir no andamento da votação — acusou os integrantes da cúpula de serem suspeitos para tomar a decisão de afastá-lo da presidência do União devido a divergências dentro do partido.
Antecipação
O afastamento de Bivar apenas antecipa algo que aconteceria apenas em junho — quando acabaria seu mandato à frente da legenda e teria de dar a vez a Rueda, eleito presidente da sigla em 29 de fevereiro. O deputado, porém, tem cinco dias para recorrer da decisão da executiva. O processo tem prazo de 60 dias para ser finalizado e não afeta o mandato de Bivar como parlamentar — ele, porém, deve ser substituído em todas as comissões de que participar e ficar isolado na bancada.
Agora que está decidido o futuro do deputado federal no partido, ACM Neto afirma que o partido terá uma dinâmica bem diferente. "Vai se reunir, vai conversar, vai discutir, vai estar mais próximo de cada estado, construir canais de comunicação com seus filiados, agir com muita transparência. Será conduzido pelo melhor pensamento político, que reflita o desejo da maioria, como tem que ser. A gente espera virar essa página, vivida nas últimas semanas e retomar a normalidade da vida partidária."
Para o líder da bancada na Câmara, Elmar Nascimento (BA), o afastamento de Bivar foi uma "decisão difícil" de ser tomada. "(Ele) tem histórico no partido, é fundador, presidente o tempo inteiro, presidente depois da fusão (entre o PSL, do qual era egresso, e o Democratas). Talvez o membro mais destacado do partido. É sempre uma decisão difícil", avaliou.
Vitória dos profissionais
Nos bastidores do União, Bivar foi derrotado pelo grupo que veio do Democratas — considerado como profissional da política, que cooptou Rueda e o fez presidente. O deputado pernambucano era acusado de ter como único projeto fazer negócios que o beneficiassem, usando a legenda para isso. Para a eleição municipal de outubro, o União receberá pouco mais de R$ 517 milhões do Fundo Eleitoral. No pleito presidencial de 2022, embolsou R$ 758 milhões e, para o de 2026, tem projeto de lançar o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, para disputar a sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2018, Jair Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto pelo antigo PSL de Bivar.
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