DISPUTA PARTIDÁRIA

Bivar é afastado da presidência do União Brasil; Rueda assume

Em votação tumultuada, o União Brasil decidiu afastar Bivar da presidência do partido, mas não descarta expulsá-lo da legenda no futuro. O deputado participou virtualmente da reunião

O presidente do União Brasil, Luciano Bivar foi afastado do cargo. A decisão de caráter provisório, por 11 a 5, ocorreu durante reunião tumultuada da sigla no diretório do partido em Brasília, nesta quarta-feira (20/3). Na presidência da sigla entra o vice-presidente, Antônio Rueda (PE).

Em entrevista coletiva, o secretário-geral da sigla, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, apontou que a destituição da presidência seria, nesse momento, a medida mais adequada.

"A expulsão, que pode acontecer ou não, seria uma pena mais apropriada depois que o processo fosse todo esgotado, com o direito à ampla defesa", apontou.

Durante a reunião, Bivar teve o microfone cortado após atrapalhar o andamento da votação ao declarar a suspeição da maioria dos integrantes da cúpula.

Para ACM Neto, o momento é de "virar a página" e mirar nas eleições municipais. "Essa agenda começa já na próxima semana. Rueda vai conduzir e essa é a prioridade, aproveitar esses últimos 15 dias que nós ainda temos de janela partidária. Temos a possibilidade de filiação de alguns candidatos em cidades importantes do país e essa vai ser a prioridade agora: buscar o maior número possível de candidatos a prefeito e vereador que vão disputar as eleições de 2024".

Ele reforçou ainda que o partido terá "uma dinâmica bem diferente da que teve até agora".

"Para além do prazo do dia 6 de abril quando encerra a janela, vamos continuar esse trabalho. O partido vai ter uma dinâmica bem diferente da que teve até agora. O partido vai se reunir, vai conversar, vai discutir. O partido vai estar mais próximo de cada estado, construir canais de comunicação com seus filiados, agir com muita transparência. O partido vai estar aberto e será conduzido pelo melhor pensamento político que reflita o desejo da maioria como tem que ser. A partir de hoje, a gente espera virar essa página vivida nas últimas semanas e retomar a normalidade da vida partidária".

A respeito de Rueda, afirmou que o mesmo "está bem, sereno e tranquilo" e que "todo o esforço está sendo empreendido para que haja avanço na investigação e que os responsáveis sejam identificados pelo incêndio criminoso".

"Tenho certeza que o Rueda pelo suporte que tem hoje de todo partido, está preparado, reúne as melhores condições para conduzir o União Brasil e para devolver a normalidade e nos colocar no rumo e no eixo de crescimento partidário", acrescentou.

A senadora Professora Dorinha (TO), relatora da representação contra Bivar apontou que o afastamento de Bivar foi necessário para não causar prejuízo à sigla em meio ao período eleitoral. Segundo ela, o partido "não pode ficar travado".

"Tem a questão da defesa, do contraditório e o partido tem uma estrutura própria que é o Conselho de Ética que vai analisar o processo. O afastamento é muito mais pela gestão do partido que nós estamos no período de filiação partidária, eleições municipais, o partido não pode ficar travado porque isso implica na condição eleitoral de centenas de prefeitos no país inteiro. Então a opção foi a de afastar da função mas, ao mesmo tempo, não tratar nem a perda de filiação e nem da expulsão para que, no espaço devido, no Conselho de Ética, ele tenha a condição de ampla defesa, de conhecimento de todos os fatos e fazer essa defesa em termos de partido. Foi em respeito ao próprio estatuto".

"A questão do afastamento é que [a crise] tem causado prejuízo num período muito importante. O partido não é meu, nem é dele. É uma agremiação que tem milhares de filiados no país inteiro", defendeu.

Na saída da reunião, o líder da bancada do União Brasil na Câmara, o deputado Elmar Nascimento (BA) apontou que trata-se de uma "decisão difícil".

"Luciano tem histórico no partido, é fundador, presidente o tempo inteiro, presidente depois da fusão. Talvez o membro mais destacado do partido, é sempre uma decisão difícil".

Questionado sobre o clima no partido, caracterizou ser "o melhor possível". "É um clima de união. Toda a bancada dos deputados federais assinaram a ata, assinaram a representação, todos os governadores, senadores, prefeitos", concluiu.

Contra Bivar, a sigla elenca acusações como:

  • ameaça de morte contra Rueda e seus familiares, inclusive a filha de 12 anos;
  • indícios de motivação política criminosa nos incêndios que destruíram as casas de Rueda e da tesoureira do partido, Maria Emília Rueda, sua irmã no litoral sul de Pernambuco no último dia 10;
  • violência política contra mulher;
  • validação de cartas de desfiliação de seis deputados do União Brasil do Rio de Janeiro sem submeter à decisão colegiada do partido.

O parlamentar nega as acusações. O Correio tentou contato com Bivar, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. O espaço segue aberto para manifestação.

https://www.correiobraziliense.com.br/webstories/2024/01/6789882-5-passos-para-acessar-o-canal-do-correio-braziliense-no-whatsapp.html

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