O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que os elementos colhidos pela Polícia Federal na investigação que apura uma suposta articulação golpista no entorno do então presidente Jair Bolsonaro são "muito convincentes" e indicam que "de fato algo de muito ruim estava em marcha".
Gilmar e os outros dez ministros do STF serão responsáveis por julgar Bolsonaro se a Procuradoria-Geral da República (PGR) formalizar a denúncia.
"Eu, como observador da cena há muito tempo, raramente a gente teve avanços tão significativos. Saímos de especulações para provas. Assistindo àquilo que vocês têm divulgado, mais do que as coisas que leio no próprio tribunal, a propósito daquela reunião com os ministros em que os ministros militares falaram, Augusto Heleno do GSI, Paulo Sérgio da Defesa, fico admirado com os dados que a Polícia Federal conseguiu obter. São de fato muito convincentes de que algo de muito ruim estava em marcha", afirmou.
Gilmar Mendes se refere à reunião filmada pelo Palácio do Planalto em julho de 2022 com a presença de Bolsonaro e diversos de seus ministros. No encontro, o então presidente afirmou que "não podemos deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado".
O general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional à época, afirmou que a Abin iria "montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo". O próprio Bolsonaro pediu para seu ministro interromper sua fala neste momento e pediu que o assunto fosse discutido em particular para não ser vazado.
Já o ministro da Defesa, Paulo Sérgio, afirmou que "a comissão eleitoral, organizada pelo TSE é para inglês ver". Disse, ainda, que se sentia "na linha de contato com o inimigo".