O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres participou de algumas reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e chefes das Forças Armadas para discutir sobre a minuta do golpe.
Segundo os autos, Torres havia sido consultado para dar suporte jurídico sobre a possibilidade de usar a como Garantia de Lei e da Ordem (GLO), Estado de Defesa e Estado de Sítio para tentar reverter o resultado das eleições de 2022.
“Indagado sobre como se dava a participação do então ministro Anderson Torres nas referidas reuniões em que eram apresentadas a possibilidade de utilização de instrumentos jurídicos, como GLO, Estado de Defesa e Estado de Sítio, respondeu que geralmente eram apenas com os comandantes das Forças, o presidente da República e o ministro da Defesa, que participou de algumas reuniões com o ministro Anderson Torres; que nas reuniões Anderson Torres explanando o suporte jurídico para as medidas que poderiam ser adotadas; que esclarece que o Exército sempre se posicionou que não atuaria em determinadas situações”, diz trecho do depoimento.
Em seguida, Freire Gomes diz que Bolsonaro foi avisado sobre a possibilidade de ser responsabilizado criminalmente pelo plano. “Inclusive chegou a esclarecer ao então presidente da República Jair Bolsonaro que não haveria mais o que fazer em relação ao resultado das eleições e que qualquer atitude, conforme as propostas, poderia resultar na responsabilização penal do então presidente”.
Queda do sigilo
O ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo dos depoimentos do 8 de janeiro, nesta sexta-feira (15/3). De acordo com os autos, Freire Gomes confirmou à Polícia Federal que Jair Bolsonaro apresentou a ele e aos outros comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto para instaurar um estado de defesa no TSE e "apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral" de 2022.
Tiveram os sigilos levantados:
- Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República
- Antonio Carlos de Almeida Baptista Junior, tenente-brigadeiro e ex-comandante da Aeronáutica
- Marco Antonio Freire Gomes, general e ex-comandante do Exército
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
- Amauri Feres Saad, advogado
- Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército
- General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
- Bernardo Romão Correa Neto, coronel dos Kids Pretos, força de elite do Exército
- General Braga Netto, ex-ministro da Defesa
- Cleverson Ney Magalhães, coronel
- Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário
- Estevam Cals Teóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército
- Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor especial para assuntos internacionais da Presidência
- Guilherme Marques Almeida, tenente-coronel do Exército
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel
- José Eduardo de Oliveira e Sila, padre
- Laércio Vergílio, general aposentado
- Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva
- Mario Fernandes, general
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa
- Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior, tenente-coronel do Exército
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel
- Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro
- Waldemar Costa Neto,presidente do PL
Saiba Mais
-
Política Bolsonaro abordou minuta golpista em reunião, confirma Freire Gomes
-
Política Alexandre de Moraes derruba sigilo de 27 depoimentos do 8 de janeiro
-
Política Depoimento de general coloca Bolsonaro em trama golpista, diz jornal
-
Política Análise: radicalização e guerra de posições nas eleições municipais
-
Política Lula cobra UEFA após novo caso de racismo contra Vini Jr: "Barbárie"
-
Política Prestigiado, José Dirceu indica caminhos para Lula e PT