A conquista de uma maior representatividade nos cargos eletivos avança, mas ainda está longe do suficiente, avalia Bruno Andrade, coordenador geral-adjunto da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).
“As pessoas falam que já melhoramos bastante, mas melhoramos em relação a apenas duas, três eleições. Mas em relação ao que precisa acontecer para que negros, mulheres, tenham uma representatividade maior no Congresso Nacional ou no Poder Executivo, ainda está demorando demais”, avalia o especialista, em entrevista, nesta terça-feira (12/3), ao programa CB.Poder — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.
Para o coordenador da Abradep, atualmente há uma série de mecanismos e ferramentas disponíveis para uma maior inserção de grupos minorizados no Executivo, mas tais medidas ainda não surtiram o efeito esperado. “Da mesma forma que há ferramentas, há áreas cinzentas em que o sistema manipula de forma a segregar as pessoas”, acrescenta.
Assista a entrevista na íntegra:
No entendimento de Andrade, medidas de repartição de recursos públicos para mulheres em campanhas eleitorais, ao invés de formarem uma frente de apoio às candidaturas femininas, acabam por dar espaço para desvios ilegais, ações que enfraquecem o processo de representatividade política.
“Mulheres e negros devem receber recursos proporcionais ao ingressar nas eleições. Então, 30% de mulheres equivale a 30% de recursos públicos, 40% de negros equivale a 40% de recursos públicos. O que acontece é que os partidos políticos, por vezes, cumprindo essa norma, fazem um subterfúgio em, por exemplo, botar mulheres como vice-candidatas na chapa. E aí você joga todo o dinheiro na campanha da chapa que tem um homem como titular”, explica o coordenador. Ao fim, quem se beneficia do processo fraudulento é o homem, fato que, na visão de Bruno, “deixa várias mulheres sem recursos públicos na campanha proporcional”.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori
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