O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontou, em artigo publicado no jornal espanhol El País, um preocupante crescimento da extrema-direita no mundo. O texto foi divulgado nesta quarta-feira (6/3), mesmo dia em que Lula se reúne com o presidente de Governo da Espanha, Pedro Sánchez.
No texto, o petista destacou que líderes extremistas "vendem soluções simplistas para problemas complexos" e foram alavancados nos últimos anos por conta da desigualdade. A publicação traz ainda a parceria comercial entre Espanha e Brasil, crítica às guerras em andamento no mundo e um apelo por apoio entre os governos progressistas.
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"Nas últimas décadas, um modelo econômico excludente concentrou a renda e ampliou disparidades. A desigualdade tornou-se terreno fértil para o extremismo. Quando a democracia falha em garantir o bem-estar do povo, prosperam figuras que vendem soluções simplistas para problemas complexos, semeando a desconfiança no processo eleitoral e nas instituições políticas", escreveu o chefe do Executivo.
"Enfrentamos um preocupante aumento da extrema-direita e de suas tradicionais ferramentas de desagregação social: o autoritarismo, a violência, a precarização do trabalho, o negacionismo climático, o discurso de ódio, a xenofobia, o racismo e a misoginia", emendou.
Segundo Lula, Brasil e Espanha "felizmente" apostaram em governos progressistas. Ele também deu ênfase à comunidade de espanhóis e seus descendentes que vivem no país, e disse que o país europeu é o segundo maior em investimentos diretos em território brasileiro, com cerca de US$ 60 bilhões de estoque de investimentos e US$ 3,3 bilhões no fluxo anual.
Guerras e governança global
O mandatário brasileiro voltou a criticar o gasto anual de US$ 2,2 trilhões com armamentos no mundo, e argumentou que a "a paz continua sendo privilégio de poucos". Ele não especificou os conflitos, mas vem pedindo o fim das guerras entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e o grupo extremista Hamas, na Faixa de Gaza.
Lula citou ainda feitos de seu governo, como a reforma tributária, e destacou a atuação do Brasil no cenário internacional, especialmente a COP30, que será realizada em Belém no ano que vem, e a presidência do G20.
"Poucas vezes na história o apoio entre forças progressistas mundiais, como a parceria que temos com a Espanha, se fez tão necessário e urgente quanto agora. É nossa responsabilidade trabalhar juntos para que a indiferença não prevaleça sobre o humanismo e para que as injustiças que se espalham dentro dos países e entre eles deem lugar à solidariedade e à cooperação", encerrou Lula.
Encontro no Planalto
O petista recebe nesta manhã o presidente de Governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto. Segundo o Palácio do Itamaraty, além da relação bilateral, está na pauta dos líderes tratar dos conflitos em andamento e da reforma da governança global, entre outros temas. Ambos devem fazer uma declaração à imprensa após o encontro.
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