O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), afirmou, neste sábado (30/3), que a nomeação do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) na Secretaria Especial de Ação Comunitária (Seac) foi um erro. Brazão é apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, que acabou vitimando também o motorista Anderson Gomes.
“Foi um erro da minha parte colocar no governo uma pessoa que tinha suspeita no caso. É óbvio que posso aqui ter todas as desculpas do mundo, foram seis anos (de investigação) e todo mundo já tinha sido acusado de tudo, mas errei. O mais importante quando se erra é consertar o erro”, disse o prefeito à imprensa no evento de inauguração do BRT Transbrasil.
“Já tinha pedido que ele fosse retirado da secretaria, quando começaram a surgir os boatos. E a gente entende que os quadros que tínhamos do Republicanos aqui não eram adequados. Queremos alianças, mas as alianças têm que ter um limite. E quando digo que errei, acho que fiz uma avaliação equivocada de que não tinha esse risco. A gente governa a cidade com os melhores quadros e meu governo vai continuar dando demonstração de que não tem conivência com nenhum tipo de irregularidade”, completou ele.
A indicação de Chiquinho foi costurada entre Paes e o Republicanos, visando uma troca de apoio nas eleições municipais, ainda que o parlamentar fosse do União Brasil. Brazão é de uma ala próxima do Republicanos, especialmente do prefeito de Belford Roxo, Waguinho. Chiquinho pediu exoneração do cargo em fevereiro, após ter o nome citado na delação de Ronnie Lessa, preso por ter sido o executor do crime.
O prefeito remanejou diversos indicados de Brazão que seguem na Seac, como Ricardo Martins David, conhecido como Ricardo Abraão, que substituiu o deputado no comando do órgão quando Brazão se ausentava. Ele foi exonerado da Seac na última terça (26).
O Psol, partido de Marielle, demonstrou desconforto com a ligação do círculo próximo dos irmãos Brazão à prefeitura do Rio. Paes é o pré-candidato de apoio do partido, inclusive a irmã da vítima e ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi cogitada como vice na chapa de Paes, que busca a reeleição, após sua filiação ao PT.
O duplo homicídio teria sido motivado por uma discordância envolvendo o projeto de lei complementar 174/2016, na Assembleia Legislativa (Alerj), que flexibilizava as regras para ocupação de terra no Rio, como apontou a investigação da PF. Além de Chiquinho Brazão, Domingos Brazão, então conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), e o ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, foram presos no último domingo (24), por supostamente terem sido mandantes do crime.
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