O governo federal fechou, ontem, um pacto de defesa do Cerrado com os governadores cujas unidades da Federação são abrangidas pelo bioma. O projeto é de construir uma estratégia conjunta no combate ao desmatamento e de preservação dos aquíferos, cujas bacias subterrâneas estão na raiz de alguns dos mais importantes rios brasileiros.
Segundo a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o avanço da devastação do Cerrado é, atualmente, o maior desafio do governo federal — que reforçará, com a ajuda dos governos estaduais e das prefeituras, a presença nos 70 municípios do bioma que tiveram a maior perda na cobertura vegetal nativa.
"Queremos trabalhar com a participação dos governadores. Enfrentar o problema do desmatamento é mexer com a economia e com a ecologia. Foi feito um diagnóstico para evitar que o desmatamento continue crescendo. Precisamos de diversas abordagens e uma é combatendo a contravenção (para o desmatamento ilegal). Outra é criando instrumentos econômicos, incentivos, aumento de produção por ganho de produtividade, para que a gente possa preservar áreas que têm Cerrado, pois são a garantia de equilíbrio do clima e da vazão dos rios e do regime de chuvas", destacou.
Na reunião, o secretário Nacional de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, destacou que a soma do desmatamento com as mudanças climáticas já afeta o agronegócio. Isso porque reduz a vazão dos rios e do regime de chuvas.
"Isso tem relação direta com a perda de cobertura vegetal nativa do Cerrado e da Caatinga. Mostramos que, em 86 bacias hidrográficas, tivemos uma perda de vazão de quase 20 mil m³ por segundo. Isso é um terço de (uma usina de) Itaipu que a gente perdeu. Não podemos mais esperar", alertou o secretário.
Além de Marina, participaram do encontro os ministros Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil), e os governadores Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO), Carlos Brandão (MA) e Wanderlei Barbosa (TO).
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