O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, participou nesta terça-feira (26/3) de uma cerimônia de homenagem a Marielle Franco e Anderson Gomes, realizada na Câmara dos Deputados. Na oportunidade, ele considerou o assassinato dos dois, em 2018, uma "perda para o Brasil" e um "prenúncio" para os anos que se seguiram no Brasil.
"O assassinato covarde de Marielle e Anderson não foi apenas uma perda para a família, os amigos, para aqueles que admiravam o trabalho da vereadora e aqueles que dividiam a vida com Anderson Gomes. Foi uma perda para o Brasil desde o primeiro momento porque demonstrou o início de um processo de degradação institucional e civilizatória da sociedade brasileira. Foi o prenúncio do que nós veríamos no Brasil nos tempos que seguiram a esse crime bárbaro", declarou o ministro, em referência ao mandato presidencial de Jair Bolsonaro (2019-2022).
Para Silvio, o fato dos três suspeitos de encomendar o crime serem agentes públicos diz muito. "Revelou-se as entranhas de um Estado apodrecido, de uma sociedade conivente com as piores coisas e que precisa ser radicalmente reformulada", apontou.
No domingo (24), a Polícia Federal prendeu o conselheiro Domingos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora.
"Eles subestimaram a força do povo brasileiro. Eles achavam que estavam matando mais uma mulher negra, trabalhadora, vereadora, que ninguém ia dar conta, já que geralmente o Estado brasileiro não dá conta de pessoas que morrem e têm essas características. Só que eles erraram e se enganaram. Eles nos deram a oportunidade de discutir um novo projeto para o Estado e sociedade brasileira, um projeto de segurança pública, de cidadania, de direitos humanos", reiterou o ministro.
Ausências do Estado
O chefe da pasta de Direitos Humanos refletiu que o desfecho do caso Marielle deixou "evidente" que "não existe segurança pública sem direitos humanos, e o contrário também é verdadeiro".
"O Brasil precisa retomar o controle de seu território e isso não é usar forças policiais para ficar entrando nas casas de pobre dando tiro, soco e agredindo negros. Precisamos enfrentar com firmeza milicianos, grileiros de terra, faccionado", disse o ministro, reforçando a importância de uma reforma agrária e urbana, além da demarcação de terras indígenas e da titulação de terras quilombolas. "É nessas ausências do Estado que o crime organizado se infiltra", finalizou.
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