O Ministério das Relações Exteriores (MRE) convocou, ontem, o embaixador Miklos Tamás Halmai para que explicasse os motivos pelos quais o ex-presidente Jair Bolsonaro passou dois dias hospedado na representação húngara. Ele esteve com a embaixadora Maria Luísa Escorel, secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty.
Halmai evitou responder à maior parte das perguntas feitas sobre Bolsonaro. A convocação de um diplomata pela chancelaria do país no qual está acreditado é considerada um gesto de advertência. É um sinal de que o episódio que motivou a intimação gerou ruído nas relações entre os governos.
De acordo com a reportagem do The New York Times que trouxe os vídeos da estada de Bolsonaro na representação da Hungria, ele teria ido em busca da possibilidade de um asilo político — na "tentativa de escapar do sistema de Justiça brasileiro, enquanto enfrenta investigações criminais" no inquérito do planejamento de um golpe de Estado, que corre no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa do ex-presidente, porém, negou tal possibilidade com veemência, conforme nota divulgada pelos advogados.
Boa relação
"Como é do conhecimento público, o ex-mandatário do país mantém um bom relacionamento com o premier húngaro, com quem se encontrou recentemente na posse do presidente Javier Milei, em Buenos Aires. Nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar, a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo atualizando os cenários políticos das duas nações", salientam os advogados de Bolsonaro.
Os defensores acrescentam que "quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news".
Especialistas em Direito Penal avaliam que Bolsonaro, a depender da investigação da PF, pode ser colocado em regime de monitoramento eletrônico, ou até preso preventivamente, se o STF considerar que ele buscou asilo político para se antecipar a uma possível ordem de prisão. Criminalistas e professores afirmaram, no entanto, que o primeiro passo é a investigação do caso pela PF, o que já está em curso.
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