O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro acionaram a Justiça contra o atual mandatário, Luiz Inácio Lula da Silva (PL), por atribuir falsamente a eles o sumiço de móveis do Palácio da Alvorada. O casal pede retratação e indenização de R$ 20 mil em processo protocolado ontem (22/3) no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).
Para Bolsonaro e Michelle, Lula abusou do cargo e da facilidade de acesso à imprensa para os atacar falsamente. A ação foi movida após divulgado que as peças consideradas desaparecidas foram encontradas.
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O jornal Folha de S. Paulo mostrou na quarta-feira (20) que 261 móveis que haviam sido dados como perdidos no início do governo foram posteriormente encontrados. Ao assumir o cargo, o presidente Lula denunciou más condições de conservação no Palácio da Alvorada e afirmou que móveis pertencentes à Presidência haviam sumido.
Ele chegou a sugerir que o casal Bolsonaro havia levado os móveis, durante café da manhã com jornalistas em janeiro do ano passado. "Acontece que, quando você entra no palácio, está tudo desarrumado. Ou seja, a sala que tinha sofá já não tem mais. O quarto que tinha cama já não tinha mais cama. Eu não sei como é que fizeram, não sei por que fizeram, não sei se eram coisas particulares do casal, mas levaram tudo", declarou Lula.
Michelle comentou o caso hoje (23) durante encontro estadual do PL Mulher em Rio Branco, no Acre. "Ah, agora encontraram os móveis desaparecidos. Não se encontra o que não se perdeu. Desde quando me acusaram, viram que eu fiz uma sequência imensa de stories explicando onde estavam os móveis. Dei até o número do depósito", declarou a ex-primeira dama. "Álibi para poder fazer compras, para poder gastar o dinheiro do contribuinte com irresponsabilidade", acrescentou.
Abuso do cargo
Na ação, Bolsonaro e Michelle argumentam que o presidente cometeu "abuso deliberado de seu cargo e de sua facilidade à imprensa" para manchar sua reputação.
"Não é novidade para ninguém, diante dos inúmeros vídeos que constam nos noticiários e redes sociais, que o réu, aparentemente, se incomoda – e muito – com as pessoas dos autores. Daí que só lhe resta esbravejar e dizer inverdades a respeito deles", escrevem os advogados do casal. Além da indenização, o processo pede que Lula se retrate com a imprensa e nos veículos oficiais de comunicação do governo federal.
Após os móveis serem dados como desaparecidos, o governo Lula gastou mais de R$ 200 mil em móveis sem licitação para recompor as peças.
Em nota divulgada após a repercussão do caso, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) atribuiu o sumiço das peças aos governo Bolsonaro, que realizou o levantamento antes da troca na gestão. A Secom argumentou ainda que a mobília comprada posteriormente era imprescindível para que Lula e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, pudessem se mudar para a residência oficial. Finalmente, o governo afirma que parte dos 261 móveis encontrados estão em situação precária de conservação.
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