O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que recebeu ordens do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro para alterar informações no cartão de vacina do político e da filha dele, Laura Bolsonaro. Cid foi ajudante de ordens da Presidência durante a gestão de Bolsonaro.
As investigações sobre as alterações, que ocorreram em 2022, levaram a corporação a indiciar Bolsonaro, Cid e outros. O relatório final foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF), que decide se apresenta ou não denúncia sobre o caso. Se for apresentada e a Justiça aceitar a denúncia, Bolsonaro e os demais viram réus em uma ação penal e começam a ser julgados.
Um dos trechos do relatório da PF, que tem 231 páginas, afirma "QUE (Cid) confirma que recebeu a ordem do ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO, para fazer as inserções dos dados falsos no nome dele e da filha LAURA BOLSONARO; QUE esses certificados foram impressos e entregue em mãos ao presidente".
Em outro trecho, o documento detalha o pedido de Bolsonaro para seu então ajudante de ordens. "A investigação identificou que o modus operandi se dava da seguinte forma: a partir da solicitação da pessoa que queria se beneficiar com o certificado de vacinação ideologicamente falso, Mauro Cesar Cid encaminhava o pedido de inserção dos dados falsos para Ailton Gonçalves Barros. Este por sua vez, encaminha os dados do beneficiário e o pedido para o Secretário Municipal de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha que, mediante suas credenciais de acesso, executava a inserções dos dados falsos no Sistema SI-PNI do Ministério da Saúde", destaca o trecho.
Mauro Cid fechou um acordo de delação com a Polícia Federal e, por conta disso, resolveu colaborar com as investigações em troca de benefícios, como abatimento de pena. “Em relação às inserções de dados falsos de vacinação contra a covid-19 em benefício do então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro e de sua filha Laura Firmo Bolsonaro, em termo de depoimento, o colaborador Mauro Cesar Barbosa Cid afirmou que o então Presidente da República ao tomar conhecimento de que Mauro Cesar Cid possuía cartões de vacinação contra a covid-19 em seu nome e em nome de seus familiares, ordenou que o colaborador fizesse as inserções para obtenção dos cartões ideologicamente falsos para ele e sua filha Laura”, completa o relatório policial.
A Polícia Federal já tinha descoberto que os documentos no aplicativo ConecteSUS foram emitidos a partir do Palácio da Alvorada. A investigação estava em sigilo e foi tornada pública nesta terça-feira (19) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
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