Na avaliação dos ministros Rui Costa, da Casa Civil, e de Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação, a preocupação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é evitar que não haja dispersão da comunicação do governo no momento de divulgar alguma medida — aquilo que classificaram como "efeito aerossol", quando a mensagem não chega ao interlocutor final e parte dela fica pelo caminho. Eles prometeram ajustes nas divulgações, embora argumentem que não houve tempo hábil para que as ações anunciadas ao longo do ano sejam percebidas pela população.
"O que o presidente pediu é que cada ministro e ministra procure revisitar tudo o que lançou. Que ele não quer ver anunciados novos programas, e sim concretizar aquilo que foi lançado. Já tem um portfólio bastante robusto e que a gente procure agregar, em indicadores que sejam compreendidos pela população. (Isso é) para evitar o que a gente chama de 'efeito aerossol': quando você pulveriza demais e não comunica de forma concentrada", observou Costa.
"O presidente sempre repete que 2023 foi para botar a casa em ordem. Tudo aquilo que foi feito (no ano passado), as famílias começam a sentir a mudança na qualidade de vida e o resultado da política pública, a partir deste ano", acrescentou Pimenta.
Os ministros acreditam que o balanço apresentado ontem mostra indicadores positivos na economia, na saúde, na educação e na segurança. Entre os dados apontados estão o do percentual de desemprego em 7,8%, o investimento de R$ 1,9 bilhão em escolas de tempo integral e a redução de 22% no desmatamento da Região Amazônica. Para Costa e Pimenta, o impacto das medidas deve aparecer ao longo do ano.
Mas a preocupação em comunicar melhor os feitos do governo também é pressionada pelo calendário eleitoral. Uma das metas do Palácio do Planalto é evitar, por meio da exibição de bons indicadores e medidas positivas junto à população, o avanço do bolsonarismo nas prefeituras, em outubro.
Dívida e ambiente de negócios
Na reunião ministerial, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhou a agenda da equipe econômica para 2024. O foco está na estabilização da dívida pública, e no estímulo e melhoria do ambiente de negócios.
Haddad listou todos os projetos que tramitarão no Congresso. Entre as medidas "principais", o ministro elencou as propostas da chamada "agenda verde" — que criam o mercado de carbono; o Programa Mover, com foco na descarbonização dos veículos; o que trata dos Combustíveis do Futuro, com iniciativas para fazer com que o país reduza a emissão de carbono; e os que criam o marco legal do hidrogênio verde e das eólicas offshores.
Sobre a agenda de consolidação da mudança na trajetória da dívida e valorização da responsabilidade social, Haddad citou mudanças na política de desoneração da folha de pagamentos, redesenho do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e limite às compensações tributárias — as três matérias tramitarão em projetos de lei.
Na agenda com ênfase em medidas de estímulo à economia, Haddad mencionou o envio, previsto para abril, das leis complementares que regulamentarão a Reforma Tributária aprovada no ano passado; o programa Desenrola com foco em pequenas empresas; microcrédito para inscritos no CadÚnico; e securitização de crédito imobiliário. (Colaborou Mayara Souto)
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