A oposição ao governo reagiu à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a reunião ministerial realizada nesta segunda-feira (18/3), quando chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de "covardão". Para os aliados do ex-chefe do Executivo, Lula ataca o adversário político para tentar reverter a queda de popularidade da gestão dele.
Na abertura do encontro com os ministros, Lula afirmou que o País "correu sério risco de ter um golpe" após as eleições de 2022. "Hoje, a gente tem clareza, por depoimentos de gente que fazia parte do governo dele ou que estava no comando, inclusive, das Forças Armadas, de gente que foi convidada pelo presidente (Bolsonaro) para fazer um golpe", disse Lula.
"Não teve golpe não só porque algumas pessoas que estavam no comando das próprias Forças Armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia do presidente, mas também porque o (ex) presidente é um covardão", afirmou.
Na sexta-feira (15/3), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou o sigilo dos depoimentos dos investigados e das testemunhas envolvidas no inquérito que apura a suposta tentativa de ruptura democrática. As declarações do ex-chefe da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Júnior e do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes à Polícia Federal (PF) narram os detalhes das reuniões em que o ex-chefe do Executivo teria tentado arregimentar as Forças Armadas em uma tentativa de se manter no Poder.
Aliado de Bolsonaro, o segundo vice-presidente da Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse no X (antigo Twitter) que Lula começou o encontro chamando o aliado de "covardão" porque o governo federal "não tem o que mostrar".
"Com a popularidade caindo, Lula começou sua reunião ministerial falando do Bolsonaro e o chamando de 'covardão'. Qual a surpresa? É isso que podemos esperar de um governo que não tem o que mostrar", afirmou Sóstenes.
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O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da bancada do agronegócio, que conta com 374 parlamentares no Congresso, respondeu a postagem de Sóstenes, dizendo que "esperar uma autocrítica do líder do PT é ilusão sem final feliz".
Na mesma linha, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) e advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, afirmou que a fala de Lula mostra um "desespero completo com o melhor momento da direita desde 2020 (estar) coincidindo com o pior momento da esquerda".
Neste mês de março, quatro institutos de pesquisas divulgaram levantamentos que apontaram uma queda na avaliação positiva do governo do petista. Na última sexta, Lula disse ter "consciência" de que não está cumprindo o que prometeu na campanha eleitoral.
O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho "02" do ex-presidente, também alfinetou Lula pelas redes sociais. O parlamentar publicou o trecho onde Lula fala sobre Bolsonaro e afirmou: "Golpe, golpe, golpe...! Eis então que surge Luiz Inácio com suas pérolas diárias".
Outros aliados de Bolsonaro contestaram a afirmação de Lula, comparando a popularidade do ex-presidente com a do atual chefe do Executivo. "Engraçado que o 'covardão' sai nas ruas, enquanto o outro...", disse o presidente da Comissão de Educação da Câmara, deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) afirmou que o "covardão", citado por Lula, "está todos os dias sendo abraçado pelo povo". "E detalhe, são milhares e milhares de pessoas", completou.
No último dia 25, Bolsonaro reuniu centenas de milhares de apoiadores na Avenida Paulista para mostrar força política diante do avanço das investigações da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe. No evento, o ex-presidente minimizou as provas encontradas pela PF e pediu anistia para os extremistas presos nos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023.
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