O Ministério da Saúde criou um comitê para colocar em prática uma “intervenção” nos seis hospitais federais do Rio de Janeiro. Após denúncias de precariedade nas instalações e atendimento prestado e corrupção envolvendo indicações políticas para cargos nas unidades de saúde, a ministra Nísia Trindade assinou uma portaria detalhando o comitê. Segundo o documento, o objetivo é alcançar “melhorias na governança” dos hospitais.
De acordo com a pasta, o comitê vai coordenar, pelo prazo de 30 dias — prorrogáveis por mais 30 —, “as ações para o funcionamento adequado das unidades e o atendimento de qualidade para a população”. “O grupo irá interceder junto às direções dos Hospitais Federais para colocar em prática as ações necessárias, promover o diálogo junto aos servidores, sindicatos, gestores e propor melhorias na governança”, informou o ministério ao Correio.
O comitê, que começou a funcionar nesta segunda-feira (18/3), está sob comando da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES), chefiada por Helvécio Miranda Magalhães Junior, e terá a composição de representantes do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), de assessorias, coordenações e secretarias do Ministério da Saúde. “Desde que assumiu, a atual gestão trabalha na recuperação e reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro após anos de precarização”, assegurou a pasta.
Além da criação do comitê, a pasta centralizou os processos de aquisição dos medicamentos, insumos e de contratação de obras de todos os hospitais federais no DGH. Dessa forma, a ministra tirou a autonomia dos gestores de cada uma das seis unidades hospitalares e redirecionou para o Ministério, com o objetivo de obter “maior harmonia institucional”. “Esse modelo aumenta o poder de negociação ao Ministério e garante uma maior eficiência e controle na distribuição dos insumos, evitando falhas no abastecimento ou desperdícios e perdas na sua utilização”, garantiu.
Pressão
O Ministério da Saúde está sendo pressionado para resolver os problemas de gestão e a corrupção, envolvendo indicações políticas sem critérios técnicos, nos hospitais de Bonsucesso, Andaraí, Ipanema, da Lagoa, Cardoso Fontes e dos Servidores do Estado.
Em reunião ministerial, realizada na manhã desta segunda-feira (18/3), Nísia falou sobre a situação do estado fluminense. Segundo interlocutores presentes no encontro, ministra relatou ter dificuldade para encontrar pessoas de confiança para comandar os hospitais e reclamou do atrito criado com o Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio de Janeiro após direcionar a gestão das unidades para o DGH.
Lula teria afirmado que Nísia tem liberdade para escolher quem quisesse para os cargos e que tem carta branca para demitir quem tiver que demitir. No final desta tarde, começou a circular na imprensa que a ministra teria decidido, após a reunião com o presidente, exonerar o atual diretor do DGH, Alexandre Telles, mas a medida ainda não foi publicada no Diário Oficial e, segundo a assessoria de comunicação do Ministério, é tratada pela pasta como especulativa.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br