Um levantamento apontou que a disputa entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aumentou nos últimos meses e tem chegado perto dos patamares do período eleitoral de 2022. A análise feita pelo Instituto Brasileiro para Regulação da Inteligência Artificial (Iria), em parceria com a plataforma de monitoramento virtual, Zeeng, considerou postagens e interações realizadas entre o início do ano e o dia 10 de março no Facebook, no Instagram e no YouTube.
“Nos últimos meses, observou-se um aumento significativo na polarização e um crescimento consistente na tensão política entre os grupos de esquerda e direita no Brasil. Eventos políticos e sociais têm alimentado essa divisão, sobretudo nas redes sociais, gerando debates acalorados e uma maior fragmentação da sociedade em termos ideológicos”, disse o estudo.
O estudo também analisou o chamado “ativo social”, que é a soma do número de seguidores nas três redes. Mesmo considerando as perdas no período, Bolsonaro teve um acréscimo de 245 mil novos perfis em suas contas, enquanto Lula perdeu 38,8 mil. O resultado reafirma a necessidade da preocupação do governo em melhorar sua comunicação, especialmente nas redes sociais.
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Bolsonaro foi mais ativo nas redes durante o período, somando 66% do total de publicações entre os dois. Ao mesmo tempo, o ex-presidente alcançou maior engajamento, atingindo picos de 372 mil interações em postagens no Instagram, enquanto o máximo que Lula conseguiu foi de 56 mil interações na mesma rede.
O ex-presidente teve mais visibilidade, por exemplo, em publicações relacionadas à manifestação realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, no último dia 25 de fevereiro — em defesa de Bolsonaro no inquérito que investiga uma possível articulação para um golpe de Estado —, assim como nas postagens relacionadas à crise diplomática entre Brasil e Israel.
O petista, por sua vez, tem focado em postagens que abordam agendas oficiais e momentos pessoais, como uma fotografia em que aparece tomando banho de mar na Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro.
Paraná
“Um fenômeno interessante observado durante a análise foi a polarização mais acentuada em determinadas regiões do país, com destaque para o estado do Paraná, onde a polarização política é mais acirrada do que em outros estados da Federação”, observou o estudo.
Para Marcelo Senise, cientista social e coordenador da pesquisa, uma polarização maior no Paraná poderia ser explicada por uma “disputa entre direita e esquerda pela possível vaga no Senado a ser aberta com a partir de eventual cassação do mandato de Sergio Moro (União Brasil)”. Moro é réu em ação, apresentada pelo PL e pelo PT, de abuso de poder econômico no período pré-eleitoral de 2022, que será julgada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) em abril.
“Diante desse contexto, fica evidente a necessidade de uma compreensão mais profunda das dinâmicas digitais e políticas para a construção de uma sociedade mais inclusiva e democrática. A polarização política não apenas influencia o debate público, mas também molda a percepção da realidade e afeta o processo decisório”, completou Senise.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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