Polícia Federal

Torres conta contexto de frase "todos vão se f*", direcionada a ministros

Ex-ministro da Justiça minimizou falas durante reunião com chefes de pastas. Ele reiterou que não participou de reunião sobre minuta golpista

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi questionado pelos agentes da Polícia Federal a respeito de suas falas exaltadas na reunião de 5 de julho de 2022 -  (crédito: Ed alves/CB/D.A Press)
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi questionado pelos agentes da Polícia Federal a respeito de suas falas exaltadas na reunião de 5 de julho de 2022 - (crédito: Ed alves/CB/D.A Press)

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi questionado pelos agentes da Polícia Federal a respeito das falas exaltadas ditas por ele na reunião de 5 de julho de 2022, antes das eleições presidenciais. Nas declarações, ele diz que “todos vão se f*” em relação a ministros do então governo Jair Bolsonaro. De acordo com depoimento prestado, ele minimizou a eloquência e disse que era apenas um “chamamento para que todos os ministros atuassem dentro de suas pastas”.

A fala de Torres com o palavrão foi capturada em vídeo. Ele incentivou ações de ministros a favor da reeleição do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse: “Senhores, todos vamos se foder! (...). Eu já sei como eles (do PT) vão trabalhar no âmbito da Polícia Federal”, afirmou à época.

Questionado pelos agentes, Torres apresentou uma explicação mais branda sobre a frase.

“Respondeu que reitera que suas afirmações se tratavam de um chamamento para que todos os ministros atuassem dentro de suas pastas para que pudessem contribuir com o processo eleitoral que viria e uma almejada vitória; que a expressão "se f*" significava a perda de todos os avanços que cada um tinha obtido ao longo dos quatro anos de trabalho hercúleo e muita entrega em cada uma de suas pastas", diz o trecho do documento que traz o depoimento de Torres.

No depoimento, Torres reiterou que não participou de nenhuma reunião para discutir sobre uma trama de golpe de Estado e firmou que jamais questionou o processo eleitoral brasileiro.

“Indagado se cumpriu a ordem do então presidente Jair Bolsonaro dada na reunião de 05.07.2022 para no âmbito do Ministério da Justiça, questionar a segurança das urnas eletrônicas e validar a narrativa de possíveis fraudes nas eleições de 2022, respondeu que não e que nunca questionou a lisura do sistema eleitoral brasileiro”, diz trecho.

Queda do sigilo

O ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo dos depoimentos do 8 de janeiro, nesta sexta-feira (15/3). Freire Gomes confirmou à Polícia Federal que Jair Bolsonaro apresentou a ele e aos outros comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto para instaurar um estado de defesa no TSE e "apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral" de 2022.

No depoimento, ele também afirmou que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres participou de algumas reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e chefes das Forças Armadas para discutir sobre a minuta do golpe.

Segundo os autos, Torres havia sido consultado para dar suporte jurídico sobre a possibilidade de usar a como Garantia de Lei e da Ordem (GLO), Estado de Defesa e Estado de Sítio para tentar reverter o resultado das eleições de 2022.

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postado em 15/03/2024 14:28 / atualizado em 15/03/2024 14:28
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