O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira, que as mulheres já saíram para o mundo e foram para o mercado de trabalho, mas que os homens não aprenderam a ir para a cozinha, lavar roupa e a cuidar das crianças. O discurso foi feito durante um almoço para comemorar o Dia Internacional da Mulher, em um restaurante de Brasília. Participam a primeira-dama, Janja da Silva, ministras e servidoras federais.
"Mesmo que na lei seja tudo igual, as mulheres já aprenderam a sair para o mundo, já foram para o mercado de trabalho, mas nós, homens, não aprendemos a ir para a cozinha. Não aprendemos a lavar roupa que a mulher lava, não aprendemos a cuidar das crianças que elas cuidam. Então, a gente ainda não compartilha naquilo que diz respeito à nossa solidariedade e ao nosso companheirismo com as nossas companheiras", disse.
Lula ressaltou que as conquistas democráticas dos brasileiros são muito novas e que as das mulheres são mais recentes ainda. "Nunca se contentem com o que já conquistaram. É bom reconhecer a conquista, mas é algo que instiga a gente a querer mais, exigir um pouco mais", pregou.
Ele também enfatizou que, no Brasil, "não faz muito tempo, a gente tem tentado avançar nas conquistas de uma legislação que permita que as mulheres tenham condição de participar em igualdade de condições".
No início deste terceiro mandato, Lula escolheu 11 mulheres para ocupar pastas na Esplanada, quebrando o recorde do governo Dilma Rousseff, que teve oito. O chefe do Executivo, porém, demitiu ministras para dar espaço a nomes do Centrão, todos homens. No Turismo, tirou Daniella Carneiro para dar lugar a Celso Sabino. Nos Esportes, saiu Ana Moser e entrou André Fufuca.
Ele ainda demitiu a economista Rita Serrano da presidência da Caixa Econômica Federal. No lugar dela, assumiu Carlos Vieira Fernandes.
O chefe do Planalto também não indicou mulheres ao Supremo Tribunal Federal (STF) nas duas oportunidades que teve. Apesar de ser pressionado para escolher um ministra, optou por dois homens: Cristiano Zanin e Flávio Dino.
Na quinta-feira, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, cobrou do presidente a paridade de mulheres em cargos de poder. "Na verdade, o dia da mulher é o ano inteiro. Mas a gente tem que aproveitar o mês de março para fazer os nossos apelos e dizer que chegar à representação feminina — que o senhor está nos dando a oportunidade — em cargos de poder ainda não é o adequado, que a gente quer a paridade, né?", durante anúncio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, no Palácio do Planalto, com a presença de Lula.
Janja fez o mesmo no início da semana. "Apesar de ele (Lula) ser presidente, a gente tem muito o que ensinar e mostrar para ele. É isso que ele espera de nós", disse, em um evento do Banco do Brasil.
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Compromisso
No almoço desta sexta-feira, esteve presente, também, a cantora Daniela Mercury, que fez um show particular para as convidadas. Janja foi a mestre de cerimônia e iniciou o evento com um breve discurso. "É um dia de comemoração, de luta, um dia fraterno, de nos abraçar", frisou. Em seguida, contou que o almoço e o local foram escolhas de Lula.
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, falou sobre o "compromisso" do presidente com a pauta feminina e de como é fundamental que os homens se juntem à causa. "Importante dizer que quando os homens não fazem, nós vamos em cima. Este governo tem compromisso efetivo com as mulheres", sustentou.
O almoço foi no Restaurante Tia Zélia, na Vila Planalto. A equipe do governo interrompeu o trânsito em frente ao lugar e montou uma estrutura do lado externo para a cerimônia. Uma banda de mulheres tocava samba.
De acordo com a Secretaria de Comunicação Social (Secom), os participantes pagaram suas próprias refeições: R$ 55 por feijoada, pernil, costela bovina e uma bebida não alcoólica.
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