A advogada Tanieli Telles de Camargo, que defende Geraldo Filipe, homem em situação de rua que foi preso acusado de participar dos ataques de 8 de janeiro, afirmou que o cliente está sendo obrigado a usar tornozeleira eletrônica e cumprir outras medidas cautelares mesmo com manifestação contrária da Procuradoria-Geral da República (PGR). Geraldo passou 11 meses presos e nesta sexta-feira (8) o próprio relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, votou pela absolvição dele. O julgamento dele ocorre até o dia 15, no plenário virtual.
Tanieli conta que encontrou o cliente dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, logo após a prisão. “Eu conheci o Geraldo dentro do presídio. Eu atendia outras pessoas e elas me trouxeram ele justamente por que ele era um morador de rua, não tinha como pagar um advogado. Ele estava em uma situação bem complicada lá. Analisando todas as provas, o depoimento do Geraldo, dos policiais, não existe qualquer prova. Um dos policiais disse que ele tinha depredado uma viatura e afirmou que tinha um vídeo da situação. Quando ele juntou o vídeo, não era o Geraldo”, disse.
A advogada contou que defende mais de 120 réus do 8 de janeiro, pró-bono, ou seja, sem cobrar honorários. Ela afirma que vê arbitrariedades no inquérito e que tem outros clientes em situação parecida com a de Geraldo.
Conheceu na Papuda. A advogada é de Jaraguá, Santa Catarina e atende mais de 120 réus do 8 de janeiro pró-bono, ou seja, sem cobrar honorários. “Eu atendo outro morador de rua, que estava na Esplanada no 8 de janeiro, mas não estava depredando nada. Também atendo um vendedor de bandeiras que foi preso. Faço um trabalho humanitário mesmo, pois muitos estavam em situação difícil”, destaca a defensora, que é de Jaraguá, em Santa Catarina e está em Brasília para cuidar dos casos.
Ela conta que Geraldo não era bolsonarista e seguia uma linha de pensamento diferente dos demais. “Ele não era bolsonarista e ficou preso junto com os manifestantes. O pessoal tratou ele muito bem, mas existem as diferenças ideológicas. Ele tem limitação de dia, horário, não pode sair da comarca, ter contato com outros acusados e está usando tornozeleira. Ele saiu com a imposição de todas as cautelares”, ressalta. Ela afirma que vai conversar com a família para avaliar uma eventual ação de reparação contra o Estado em razão da prisão injusta.
Por fim, a defensora destaca que o cliente voltou para às ruas, que não tem mais contato com ele, apenas com a mãe de Geraldo e vê abusos no inquérito. “A partir do momento em que fica 11 meses presos, não existe individualização da conduta, os processos foram todos control C, control V. Eu, logo avisei que ele não era um manifestante, que era morador de rua. Mesmo assim, não foi solto imediatamente. Então para mim existem muitas arbitrariedades sim”, completou.
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“Eu ainda preciso conversar com a família, com o Geraldo. Infelizmente ele voltou para situação de rua. Quando ele saiu, conseguimos doações, colocar ele no local. Mas é dificil tirar uma pessoa da rua e colocar em um apartamento. Eu não converso com ele há muito tempo, mas converso quase que diariamente com a mãe dele.
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