Autor da emenda constitucional que instituiu no país a reeleição para cargos de Executivo, em 1997, o deputado federal Mendonça Filho (União Brasill-PE) disse ao Correio ser contra o fim desse instituto. A iniciativa em curso no Congresso Nacional nesse momento tem o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como principal articulador.
Na época, Mendonça consultou o então presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, que apoiou e se beneficiou da aprovação da PEC, sendo reeleito em 1998. O deputado nega, porém, que o fez para agradar ao tucano, mas por suas convicções políticas, que mantêm até hoje.
"Sigo defensor da reeleição. Acho que um tremendo erro, uma excrescência essa discussão de acabar com esse instituto e voltar com os cinco anos de mandato", disse Mendonça Filho à reportagem nesta terça-feira.
Para ele, a experiência da reeleição já se mostrou exitosa para todos os cargos do Executivo — de prefeitos e governadores — e já foi testada o suficiente para derrubar as críticas.
"É uma iniciativa exitosa ao longo desses 27 anos. Mudar isso agora é um equívoco, uma péssima ideia. Só há o olhar do político, e não o da sociedade, que aprovou esse modelo, que continuo defendendo. Assegura a visão de médio de longo prazos para os governos, o que é muito importante. Há o argumento que muitos governantes deixam de adotar medidas duras por causa da reeleição. Mas, ao mesmo tempo, quando se tem direito a se reeleger, pode usufruir do resultado das medidas mais duras e profundas", completou.
Outro argumento rebatido pelo deputado autor da PEC é o de que a reeleição "eterniza" um mandatário no cargo.
"Isso não é verdade. A eleição não garante a reeleição. Olha o caso do Bolsonaro. É um argumento simplista. É só olhar também quantos exemplos ao longo desses anos em disputa de prefeituras e governos estaduais."
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