O governo brasileiro repudiou nesta sexta-feira (1º/3) a ação do exército israelense contra civis em uma fila para ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que matou mais de 100 pessoas ontem (29/2). Em nota, o Palácio do Itamaraty declarou que a ação é “intolerável”, e que o governo de Benjamin Netanyahu demonstra que “a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal”.
O documento também pede apuração da responsabilidade pelas mortes, e critica declarações dadas por integrantes do governo israelense sobre o ataque. “Trata-se de uma situação intolerável, que vai muito além da necessária apuração de responsabilidades pelos mortos e feridos de ontem”, disse em nota o Itamaraty.
Mais de 100 pessoas foram mortas e 750 foram feridas por tiros, pisoteio ou atropelamento. Uma multidão de palestinos cercava caminhões que ofereciam ajuda humanitária, principalmente comida. Para o governo brasileiro, o episódio demonstra a situação “desesperadora” da população civil na Faixa de Gaza.
Israel inicialmente negou que tivesse feito disparos contra a multidão, e atribuiu as mortes a uma confusão e pisoteamento. Porém, mudou a versão e admitiu que soldados atiraram contra a fila humanitária por se sentirem “ameaçados”.
O Itamaraty ressaltou que órgãos internacionais há meses denunciam ações do governo israelense para impedir a entrada de caminhões com ajuda no enclave. Porém, criticou a inação da comunidade global que permite que o governo de Netanyahu continue a atingir civis e ignorar regras do direito internacional.
“O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal. E cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão”, enfatizou o Itamaraty.
A ação isralenese gerou críticas de outros países. Os Estados Unidos, aliado histórico do país, questionaram as “versões contraditórias” sobre o ataque. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, adotou um tom mais duro e afirmou que as mortes na fila para comida “nos lembram o Holocausto”. O Conselho de Segurança das Nações Unidas deve se reunir em caráter emergencial para tratar do ataque.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br