O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um anistiado político, que até recebe uma aposentadoria de cerca de R$ 10 mil por ter sido perseguido pelos militares no seu período de dirigente sindical. O petista tem um irmão, Frei Chico, também anistiado e indenizado, que foi preso e torturado. O mandatário sempre foi cercado por ex-perseguidos, torturados, presos, e conviveu sempre com parentes de muitos que foram mortos e desaparecidos. Essa lista não é pequena: tem Dilma Rousseff, José Dirceu, José Genoino, Nilmário Miranda, pelo menos 50 amigos do sindicato e centenas de militantes e apoiadores.
Mas Lula não é afeito ao tema ditadura. Nunca foi. A declaração de que 1964 deve ser esquecido e que não pretende "remoer" o que ocorreu nos anos de chumbo não surpreende. Em 2010, por exemplo, ficou do lado de seu então ministro da Defesa, Nelson Jobim, que, em nome dos militares, não gostou de ver o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, incluir no seu plano o entendimento de que a Lei de Anistia não veda punição de torturadores. Lula argumentou que esse assunto é da Justiça, não do governo.
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Um comentário recorrente entre os que vivem a discussão sobre a ditadura é que Lula, se fosse presidente do Brasil em meados dos anos 1990, não teria instalado a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, bancada por Fernando Henrique Cardoso. O comentário explica sua relutância em retornar hoje com essa comissão, dizimada por Jair Bolsonaro. Lula disse a próximos, quando assumiu para este terceiro mandato, que gostaria de deixar para os dois últimos anos de seu governo esses assuntos, o que inclui os julgamentos da Comissão de Anistia.
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