atos antidemocráticos

8 de janeiro: suspeitos de financiar golpistas vão para a cadeia

Entre os detidos pela PF, há dois empresários, donos de atacadista no DF. No Tocantins, agentes apreendem um arsenal

De acordo com as investigações, Joveci Xavier de Andrade  frequentava o acampamento no QG, além de financiar material e alimentação aos acampados -  (crédito: Silvio Abdon/CLDF)
De acordo com as investigações, Joveci Xavier de Andrade frequentava o acampamento no QG, além de financiar material e alimentação aos acampados - (crédito: Silvio Abdon/CLDF)

Equipes da Polícia Federal encontraram, nesta quinta-feira, um verdadeiro arsenal de guerra, com armas de grosso calibre, na casa de um bolsonarista, no Tocantins. A apreensão ocorreu no âmbito da Operação Lesa-Pátria, que investiga pessoas ligadas aos atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado, em Brasília.

Além do armamento, foram apreendidos US$ 110 mil e 26 mil euros, em espécie. Somados, os valores passam de R$ 600 mil. Simultaneamente, em Brasília, dois empresários, sócios de uma rede atacadista, foram detidos, acusados de financiarem o acampamento golpista montado em frente ao Quartel-General do Exército, na capital federal.

Joveci Xavier de Andrade e Adauto Lúcio de Mesquita são donos de uma rede atacadista no Distrito Federal. De acordo com as investigações, a dupla frequentava o acampamento no QG, além de financiar material e alimentação aos acampados.

Os dois prestaram depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). Ambos foram indiciados pelos distritais por incitação ao crime equiparado pela animosidade das Forças Armadas e associação criminosa.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atendeu o pedido da PF e autorizou a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos investigados. Segundo a apuração, o valor dos danos causados ao patrimônio público nos ataques pode chegar a R$ 40 milhões. O bloqueio de recursos tem como objetivo ressarcir os cofres públicos dos prejuízos causados pelos atentados.

Em nota, a defesa dos empresários disse que não teve acesso à decisão do STF e que o grupo do qual são acionistas é contra o vandalismo e a intolerância política.

"A realização de apurações pelo Estado é considerada válida, e os investigados veem agora a oportunidade de elucidar completamente as questões em aberto. Eles reiteram seu compromisso com a democracia, o Estado de Direito, o respeito às instituições, ao processo eleitoral, ao Ministério Público e ao Judiciário, com especial ênfase na sua instância máxima, o Supremo Tribunal Federal", diz um trecho do comunicado dos advogados. O outro detido na operação desta quinta-feira foi um empresário de Campinas (SP).

Mandados

Ao todo, as equipes da PF cumpriram 34 ordens judiciais expedidas por Moraes: 24 mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão preventiva e sete de monitoramento com tornozeleira eletrônica. A operação ocorreu em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Tocantins, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal.

No Tocantins, as armas encontradas na casa de Frederico Carvalho eram fuzis, revólveres e escopetas, a maioria de uso exclusivo das Forças Armadas. Ele é um CAC (sigla de colecionador, atirador e caçador), mas o material será avaliado para se constatar a origem e se tem registros. Os equipamentos foram recolhidos em razão de estarem em poder de um homem que é investigado pela Justiça. O dinheiro também estava em cofres na residência.

De acordo com a PF, os fatos investigados constituem os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

"As investigações continuam em curso, e a Operação Lesa-Pátria é permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais cumpridos e pessoas capturadas", enfatizou a corporação.

 

 

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postado em 01/03/2024 03:55
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