Ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha a garantia do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que o pedido de impeachment da oposição não vai vingar, o governo ameaça retaliar deputados de partidos da base que endossaram e assinaram o pedido, uma iniciativa da bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP).
Em reunião na manhã desta terça-feira na liderança do governo, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), demonstrou a insatisfação do Palácio do Planalto com esses deputados signatários do pedido de afastamento de Lula no cargo. Depois, se manifestou sobre o assunto nas redes sociais.
"Na reunião dos líderes da base, hoje (terça-feira), nós conversamos um pouco sobre a conjuntura, fizemos um balanço das principais votações, e um dos temas da pauta foi esse pedido de impeachment. Formou-se um consenso entre nós de que é incompatível o parlamentar ser da base do governo, ter relação com o governo e assinar pedido de impeachment", postou Guimarães.
Na sequência, o deputado fez a ameaça: "Isso não é razoável, e a minha posição é encaminhar a lista desses parlamentares para que o governo tome providências".
- Impeachment de Lula: veja quem são os 92 deputados que assinaram pedido
- Entenda se declaração de Lula sobre Holocausto pode justificar abertura de processo de impeachment
- Alckmin sobre pedido de impeachment de Lula: "Não faz o menor sentido"
O pedido de impeachment de Lula, protocolado na semana passada, na Câmara, tem como base as declarações do chefe do Executivo sobre Israel, quando comparou os ataques à Faixa de Gaza às ações de Adolf Hitler no Holocausto.
Os deputados de partidos aliados que assinaram o pedido podem ver seus indicados para cargos federais nos seus estados perdendo esses empregos. Está sendo discutida também a contenção na liberação das emendas a que esses parlamentares têm direito.
Nas contas do governo, dos 124 apoiadores do impeachment, pelo menos 20 são de partidos como PSD, Republicanos, União Brasil e PP, legendas que ocupam ministérios na Esplanada. "O nosso propósito é isolar os radicais", disse o deputado Rubens Pereira Jr, (PT-MA), um dos vice-líderes do governo.
Um dos argumentos dos governistas indignados com a adesão desses deputados é que no PL, de Jair Bolsonaro, 19 parlamentares não assinaram o pedido, incluído o seu líder na Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ). Entre os que não assinaram, está João Carlos Bacelar (PL-BA). Ao Correio, ele explicou: "Sou do PL do B, da base do governo".
Cabe ao presidente da Câmara aceitar ou não um pedido de impeachment contra o presidente da República. Lira, que tem se reaproximado de Lula, pode decidir sozinho o destino do pleito da oposição, e não há prazo para essa decisão.
Quando aceito, o mérito da denúncia deve ser analisado por uma comissão especial e depois pelo plenário da Câmara. São necessários os votos de pelo menos 342 dos 513 deputados para autorizar o Senado a abrir o processo.
Saiba Mais
-
Política TSE restringe uso de inteligência artificial nas eleições deste ano
-
Política Autor da PEC das igrejas, Crivella quer promulgar proposta na semana da Páscoa
-
Política Direita e esquerda disputam votos em consulta popular sobre anistia do 8/1 nas redes
-
Política STF decide que União não é obrigada a pagar escola de dependentes de diplomatas
-
Política Lula revoga trecho de MP e mantém desoneração da folha em 17 setores