O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que tenha tentado aplicar um golpe de Estado. Em discurso durante ato na avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste domingo (25/2), o ex-chefe do Executivo disse que a minuta de decreto de Estado de Defesa, encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, foi embasada na Constituição.
“Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Apesar de não ser golpe o Estado de Sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para tramar ou botar no papel a proposta de decreto de Estado de Sítio”, argumentou.
Bolsonaro disse que está sofrendo perseguição e, sem citar nomes, falou que opositores querem “entubar a todos nós que um golpe usando dispositivo da Constituição, cuja palavra final quem dá é o parlamento brasileiro, estava em gestação”. “Teria muito a falar, tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado, é buscar maneiras de vivermos em paz, é não continuarmos sobressaltados”, ressaltou.
“Levo pancada desde antes das eleições de 2018. Passei quatro anos perseguido enquanto presidente da República e essa perseguição aumentou a sua força quando deixei a Presidência da República. Fiz a transição sem nenhuma reclamação por parte da esquerda, saí do Brasil e essa perseguição continuou. É jóia, é importunação de baleia, é dinheiro que eu teria mandado para fora do Brasil, é tanta coisa que eles mesmos acabam trabalhando contra si”, declarou.
O ex-presidente não citou explicitamente o Supremo Tribunal Federal (STF) em seu discurso, mas, nas entrelinhas, afirmou que “alguns” estão cometendo “abusos”. “É lamentável o que vem acontecendo, o abuso por parte de alguns, que traz insegurança para todos nós”, alegou.
Bolsonaro e aliados, como Anderson Torres, o general Augusto Heleno e o presidente do Partido Liberal, (PL) Valdemar da Costa Neto, são alvo de inquérito comandado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que autorizou operação, deflagrada em 8 de fevereiro, pela Polícia Federal, com o objetivo de apurar suposta tentativa de golpe de Estado e de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito. Na última quinta-feira (22/2), os investigados prestaram depoimento na sede da PF, em Brasília, e as investigações seguem no sentido de elucidar as articulações que resultaram no ataque às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.