Afundamento de solo em Maceió

Calheiros perde relatoria de CPI da Braskem e deixa colegiado

Mais cedo, a sessão do colegiado foi adiada por uma reunião que buscava articular o senador alagoano para a relatoria; Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, anunciou o senador Rogério Carvalho (PT-SE) para o posto

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que irá apurar o afundamento do solo em Maceió (AL), devido a exploração de sal-gema pela Braskem, o senador Omar Aziz (PSD-AM), indicou Rogério Carvalho (PT-SE) para a relatoria do colegiado, segundo Aziz, visando “uma investigação totalmente isenta de pessoas ligadas a Alagoas”.

A relatoria foi alvo de muita disputa, desde o fim do ano passado, quando a CPI foi instalada. Autor do requerimento que pede pela investigação, Renan Calheiros (MDB-AL) almejava a relatoria e buscava uma investigação mais abrangente da Braskem.

Renan foi o primeiro a se manifestar, posterior ao anúncio de Omar Aziz, e destacou que “Maceió hoje é uma cidade sitiada pela ação criminosa de uma mineradora”. O senador alegou que “mãos ocultas, mas visíveis” o vetaram do posto de relator. “Não era uma ‘capitania’, mas o resultado de uma costura política”.

“A designação do senador Omar Aziz do senador Rogério Carvalho é regimental. Evidente que é regimental”, disse Renan que desistiu de participar da CPI, mesmo após a oferta de Jorge Kajuru (PSD-GO) de lhe ceder a vice-presidência do colegiado.

“As guerras não são vencidas em uma única batalha. Há uma enorme caverna latejando e ruindo. Aos que querem camuflá-la, alerto que a tragédia de Maceió simplesmente não acabou. Está se dando no dia a dia. Se hoje os alagoanos perdem o sono, em breve os poderosos que tentam escapar da Justiça perderão muito mais”, enfatizou.

Na saída da comissão, Calheiros frisou que deixou a CPI pois haveria uma “óbvia tentativa de domesticação que, aliás, impediu a minha designação como relator”.

“Coletei assinaturas, estabeleci um fato determinado, criamos a CPI, instalamos com muita dificuldade e a luta vai continuar na CVM, no Tribunal de Contas da União, na Justiça, em várias instâncias”, reclamou ele. “Criamos a CPI para investigar. A minha designação como relator indicava no sentido do aprofundamento dessa investigação. Lamentavelmente, impediram a minha designação como relator. O que significa dizer que estão tentando fazer que a CPI trilhe caminhos diferentes”.

Calheiros, que é próximo do governador do estado e correligionário, Paulo Dantas, acabou também entrando em um conflito com outra força política alagoana: o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), próximo do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC.

O governo teria pressionado por um nome fora de Alagoas não só para não se indispor com Lira, mas também para evitar que as investigações pudessem se aproximar da Novonor, antiga Odebrecht. Mais cedo, a sessão acabou adiada por uma reunião a portas fechadas com Aziz, Calheiros, Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, e Otto Alencar (PSD-BA).

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