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G20: Vieira diz que Brasil 'não aceita' conflitos armados em Gaza e na Ucrânia

O ministro abriu o encontro com chanceleres clamando por um acordo para erradicar a fome no mundo e reiterou a posição brasileira em relação às guerras em curso na Ucrânia e no Oriente Médio

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, abriu o encontro do G20 com chanceleres dos países que integram o grupo das maiores economias do mundo, nesta quarta-feira (21/2), com um discurso que destacou a posição do Brasil em relação aos conflitos armados em curso, como na Ucrânia e no Oriente Médio. O chanceler brasileiro afirmou que o país “não aceita” que diferenças entre nações sejam resolvidas por meio da força militar.

“Nossas posições sobre os casos ora em discussão no G20, em particular a situação na Ucrânia e na Palestina, são bem conhecidas e foram apresentadas publicamente nos foros apropriados, como o Conselho de Segurança da ONU e a Assembleia Geral da ONU", ressaltou Vieira.

Em meio à crise diplomática envolvendo Brasil e Israel, após as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a reação israelense na Faixa de Gaza ao Holocausto, Mauro Vieira aproveitou a reunião do G20 para destacar que o país não compactua com a forma como Israel e Gaza, Rússia e Ucrânia, estão lidando com os atritos. “Uma parcela muito significativa do mundo fez uma opção pela paz e não aceita ser envolvida em conflitos impulsionados por nações estrangeiras. O Brasil rejeita a busca de hegemonias antigas ou novas, não é do nosso interesse viver em um mundo fraturado”, afirmou.

“A situação absolutamente extraordinária em que todo o hemisfério sul do planeta optou por permanecer desnuclearizado é pouco descartada sob narrativa predominante. Os casos bem-sucedidos de cooperação pacífica da América Latida, da África, do sudeste Asiático e da Oceania, fazem com que as vozes dessas regiões devam ser ouvidas nos foros relevantes com especial cuidado e atenção”, pontuou Vieira.

O chanceler brasileiro frisou que é inaceitável o planeta gastar mais verba para custear guerras, do que para diminuir desigualdades sociais. "Não é minimamente razoável que o mundo ultrapasse - e muito – a marca de US$ 2 trilhões em gastos militares a cada ano. A título de comparação, os programas de ajuda da Assistência Oficial ao Desenvolvimento permanecem estagnados em torno de US$ 60 bilhões por ano, menos de 3% dos gastos militares".

Combate à fome

O ministro ainda disse que “sem paz e cooperação” será impossível “alcançar a prometida mobilização em larga escala dos recursos necessários para enfrentar as ameaças existenciais que enfrentamos”. Vieira abriu a reunião pedindo aos chanceleres que o grupo trabalhe, nos próximos meses, para entrar em um acordo sobre a erradicação da fome.

A ideia do chefe da diplomacia brasileira é que seja apresentado na reunião oficial do G20, em novembro, um acordo de cooperação “efetivo”, entre as nações integrantes do grupo, com foco no combate à fome e à pobreza. “Em particular, gostaria de fazer um apelo a todos os senhores, para que prestem especial atenção e deem apoio às discussões em curso com o objetivo de lançar uma aliança global contra a fome e a pobreza, uma prioridade chave da nossa presidência do G20”, clamou.

“Se a desigualdade e as mudanças climáticas, de fato, constituem ameaças existenciais, não consigo evitar a sensação de que nos faltam ações concretas sobre tais questões. Temos problemas urgentes a resolver no tocante ao desenvolvimento, à luta contra a fome, a pobreza e a desigualdade. Temos desafios gigantescos em relação às mudanças climáticas e ao meio ambiente. Temos uma responsabilidade coletiva de liderar o mundo rumo à prosperidade para todas e todos. Essas são as guerras que devemos travar em 2024”, concluiu Vieira.

A reunião foi realizada na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, e contou com a presença do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken; do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov ; além dos representantes de China e países europeus. O encontro continua até quinta-feira (22/2), com debates sobre governança global.

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