Congresso

Bolsonaristas voltam a pregar contra as urnas, mas aliados desestimulam

Seguidores do ex-presidente se reuniram novamente numa sala do Senado para pedir aprovação da contagem manual dos votos. Parlamentares do grupo dizem, porém, que "assunto não é o mais apropriado nesse momento"

Apoiadores de Jair Bolsonaro voltaram ao Congresso Nacional, nesta segunda-feira (20/2), pregando a desconfiança sobre as urnas eletrônicas e a Justiça Eleitoral. Vestindo camisetas pretas com a inscrição "democracia só com contagem pública dos votos", alguns integrantes de movimentos conservadores se reuniram com parlamentares aliados do ex-presidente.

No encontro, porém, os seguidores de Bolsonaro foram desestimulados a tocar uma campanha como essa nesse momento. O clima foi de frustração para os que acompanharam a reunião numa das salas de comissão do Senado, onde, em 2022, após derrota de Bolsonaro, uma reunião de teor golpista ocorreu. 

O senador tucano Izalci Lucas (PSDB-DF) participou do encontro desta tarde e jogou água fria nas pretensões do grupo. "Fizemos uma reunião da oposição hoje e chegamos a conclusão de que esse assunto não é o mais apropriado nesse momento. Esse não é o momento mais adequado. A oposição não tem voto para aprovar isso. Ainda mais com essa mesa diretora. Quem sabe mudando a direção (o que ocorrerá o ano que vem)", disse Izalci.

A contagem anual de votos, um a um, está prevista num projeto de lei relatado pelo deputado bolsonarista José Medeiros (PL-MT) que está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

"Dificuldade em passar"

Os bolsonaristas viajaram de seus estados para participar da reunião, disseram não confiar na urna eletrônica e pediram empenho aos quatro parlamentares presentes na sala.

"Não aguentamos mais isso. Há muito tempo somos enganados, não sabemos se os nossos votos são contabilizados mesmo em quem votamos", disse um dos presentes.

Outro lembrou a frase equivocadamente atribuída ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, de que "eleição não se ganha, se toma".

"É essa sensação que temos. Até quando seremos passado para trás?", afirmou outro, usando o microfone de uma das salas das comissões.

Bolsonarista dos mais ferrenhos, até o deputado Abilio Brunini (PL-MT) desestimulou o grupo.

"Vocês vão ficar chateados comigo com o que vou falar, mas preciso falar. Esse projeto não foi pautado até agora por inteligência da direita, que sabemos que terá dificuldade em passar", disse Brunini.

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