O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, convocou o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para uma reunião no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (19/2). A pauta do encontro será as duras declarações do governo israelense sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), classificado como "persona non grata" pelo ministro de Assuntos Internacionais de Israel, Israel Katz.
Mais cedo, a pasta de Relações Exteriores informou que chamou para consultas o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, que embarca de volta para o Brasil na terça-feira (20/2).
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A decisão ocorreu em resposta à crise diplomática com Israel, especialmente após o ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz, convocar Meyer para uma reprimenda no Museu do Holocausto e, depois, declarar Lula persona non grata em Israel.
A reação de Israel ocorreu após fala do presidente Lula, no domingo (18/2), na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia. O presidente do Brasil comparou as mortes na Faixa de Gaza à atuação da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus", afirmou o petista.
O governo israelense, porém, quebrou o protocolo diplomático ao convocar o embaixador brasileiro ao Museu do Holocausto. Reprimendas do tipo costumam ocorrer na sede do Ministério das Relações Exteriores.
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudiou as declarações de Lula, as quais caracterizou como “infundadas’.
“Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu. Essa distorção perversa da realidade ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".
"O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A CONIB pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país”, apontou.
No entanto, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, classificou como "uma campanha injusta" a reação de Israel contra Lula após as falas sobre Gaza. "Esperamos que mais vozes pela paz sejam explicitadas. Sobre as palavras do presidente Lula na União Africana, ele condenou explicitamente os massacres contra os judeus, com palavras bem claras e consistentes. Por isso, vemos essa campanha como injusta", enfatizou o embaixador.
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