O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, se reunirá na próxima semana com os presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Javier Milei. O propósito da viagem é estreitar os laços com os dois líderes sul-americanos. É a primeira visita em anos de um secretário de Estado norte-americano a esses dois países.
Blinken chega ao Brasil em momento de aproximação entre as duas nações. Os presidentes Lula da Silva e Joe Biden compartilham o compromisso no enfrentamento das mudanças climáticas, nos direitos dos trabalhadores e na defesa da democracia.
Esses serão alguns dos assuntos discutidos na reunião de chanceleres do G20 no Rio de Janeiro, marcada para os dias 21 e 22 de fevereiro.
No encontro, Blinken tentará engajar os líderes mundiais no "aumento da paz e da estabilidade, na promoção da inclusão social, na redução da desigualdade, no fim da fome, no combate à crise climática, na promoção da transição para energias limpas, no desenvolvimento e em tornar a governança global mais eficaz", segundo informou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em um comunicado.
Em Brasília, Blinken se reunirá com Lula para tratar de "questões bilaterais e globais", acrescentou Miller. No bicentenário das relações diplomáticas entre os dois países — os Estados Unidos foram os primeiros a reconhecer, em 1824, a Independência do Brasil — existem várias iniciativas em curso para alinhar os interesses das duas maiores democracias do Ocidente.
Apesar do bom momento entre Washington e Brasília, existem divergências. A Guerra da Ucrânia e a crise política na Venezuela são exemplos de que nem sempre o que é bom para os EUA é bom para o Brasil.
Diferentemente do colega Biden, que condena com veemência a invasão da Ucrânia pelo regime de Putin, Lula tem responsabilizado os dois países beligerantes pelo conflito e defende um acordo de paz — condição rejeitada por Kiev sem a retirada total das tropas russas.
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Segundo Bruna Santos, no contexto sul-americano, Washington está desconcertado com o silêncio do Brasil sobre a Venezuela. O presidente do país vizinho, Nicolás Maduro, multiplicou as prisões de ativistas e reluta em permitir que alguns adversários concorram nas eleições presidenciais, previstas para este ano. Nesta semana, Maduro deu um ultimato para os membros do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos deixarem o país.
Na avaliação de Bruna Santos, diretora do Instituto Brasil do Wilson Center, um think tank, o governo Biden tem consciência de que "eles podem ser bons amigos, aliados às vezes", mas nem sempre.
Parada na Argentina
Durante a viagem à América do Sul, de 20 a 23 de fevereiro, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos fará uma parada em Buenos Aires para discutir com Milei "questões bilaterais e globais, como o crescimento econômico sustentável (...), direitos humanos e governança democrática, minerais críticos e melhoria do comércio e do investimento", disse o comunicado.
Blinken está em sintonia com Milei em algumas questões de política externa. O líder ultraliberal argentino traçou dois objetivos: fortalecer a relação com Washington e Israel e distanciar-se da China, muito influente na região, e de países com governos de esquerda, incluindo a Venezuela.
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