O diplomata Comarci Nunes Filho, do Itamaraty, perdeu o cargo que ocuparia na Secretaria de Comunicação (Secom), do Palácio do Planalto, por ter participado da reunião de 5 de julho de 2022, comandada por Jair Bolsonaro, onde se discutiu o plano de um golpe de Estado no país, segundo a investigação da Polícia Federal. A presença de Comarci Nunes na reunião foi revelada pelo Correio, na última quarta-feira (14/2).
Oficialmente, o conselheiro ainda está lotado na área de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, mas já vinha despachando também na Secom, e contribuiria no grupo de trabalho sobre o G20. O ofício com pedido de sua transferência, feita pelo Planalto, ainda não havia sido assinado pelo chanceler Mauro Vieira.
O diplomata estava sentado, na reunião de 2022, numa das laterais da sala do Planalto. Comarci era o primeiro-secretário da pasta e acompanhava o embaixador Fernando Simas Magalhães, então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, que representava, na reunião, o chanceler Carlos França, ausente do país naquele momento. Simas — que não usou a palavra no encontro — foi designado embaixador do Brasil em Haia pelo atual governo.
À reportagem, Comarci respondeu, na segunda-feira (12), sobre sua presença no encontro: "Na época da reunião, era primeiro-secretário. Acompanhei o embaixador Fernando Simas na reunião porque era assessor dele. Apenas isso".
A Secom informou que Comarci já vinha se adaptando ao novo trabalho e que a decisão de dispensá-lo foi "tomada diante das novas informações", em referência à revelação de que participou da reunião de Bolsonaro, de quase dois anos atrás.
Diz a nota da Secom: "Ele foi convidado a integrar a equipe que atua no G20, não da Secretaria de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual. E estava tomando par das atividades que iria exercer, e por isso chegou a participar de algumas reuniões. A decisão de interromper o processo de entrada na equipe foi tomada diante das novas informações".
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