Três diplomatas participaram da reunião de 5 de julho de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro estimulou os presentes a disseminarem informações falsas sobre as urnas eletrônicas. A investigação da Polícia Federal concluiu que se tratou de uma reunião preparatória para uma intervenção dos militares em caso de derrota de Bolsonaro, que estava em andamento uma tentativa de golpe. Somente agora, com o inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) e a operação da PF, o vídeo dessa reunião veio à tona.
Na abertura do encontro é possível visualizar os representantes do Ministério das Relações Exteriores, que seguem no curso normal de suas carreiras e foram nomeados para funções no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O petista só teve conhecimento agora do conteúdo e dos presentes naquele encontro promovido por Bolsonaro dentro do Palácio do Planalto, a três meses das eleições naquele ano.
Na mesa principal, estava sentado o embaixador Fernando Simas Magalhães, então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, que representava na reunião o chanceler Carlos França, ausente do país naquele momento. Simas foi designado embaixador do Brasil em Haia pelo atual governo, mas não usou a palavra no encontro.
Também acompanhou a reunião o embaixador André Chermont de Lima, que era o chefe do cerimonial da Presidência. No vídeo, ele aparece em pé num dos cantos da sala. Bolsonaro faz uma citação a seu nome ao anunciar que chamaria os embaixadores para um encontro e falaria sobre o sistema eleitoral do país, que aconteceu 13 dias depois. “Já acertei com o Chermont para falar com o (ministro) França. Na quinta-feira eu vou reunir os embaixadores no Alvorada.”
Esse evento, com os embaixadores, foi a razão de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenar Bolsonaro inelegível por oito anos, julgamento que ocorreu em junho de 2023. No governo Lula, Chermont assumiu o posto de cônsul-geral em Tóquio, no Japão.
O terceiro nome do Itamaraty presente na reunião de julho de 2022 é o do conselheiro Comarci Nunes. Estava sentado numa das laterais da sala. Na época, Comarci era o primeiro-secretário do ministério e acompanhava Fernando Simas no encontro. O conselheiro está lotado hoje na área de imprensa do ministério.
O Correio questionou o Itamaraty se foi adotada alguma medida após a revelação de que os três participaram da reunião ou se buscou informações sobre as presença dos diplomatas naquela reunião, mas não obteve resposta. O espaço segue em aberto para qualquer manifestação.
Comarci Nunes informou que era o primeiro-secretário e que apenas acompanhou Fernando Simas porque era seu assessor.
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