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Governadores dos maiores colégios eleitorais mantêm distância de escândalo golpista

Nos três estados que concentram 40% do eleitorado, os chefes de governo local, até pouco tempo alinhados com Bolsonaro, mantêm distância segura do escândalo golpista. Interesses regionais influenciam na postura moderada

Os governadores dos três maiores colégios eleitorais do país saem do carnaval equilibrando pratos. Se, por um lado, precisam manter a base mobilizada para as eleições municipais — e, para alguns, a de 2026 —, também necessitam evitar desgaste com o eleitor moderado e alimentar o diálogo com o governo federal. Todos são de oposição e aliados declarados do ex-presidente Jair Bolsonaro: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais.

Para eles, o cenário pós-carnaval é desafiador. A megaoperação da Polícia Federal (PF) que mirou Bolsonaro, militares e ministros do governo anterior na semana passada os colocou em uma posição delicada. Eles evitaram se manifestar, seja a favor do ex-presidente, seja da atuação da PF. Bolsonaro, por sua vez, promete fazer barulho e convoca aliados em sua defesa.

Tarcísio foi o governador mais pressionado após a operação. O governo de São Paulo afastou o major da reserva Angelo Martins Denicoli, que atuava como assessor especial da Prodesp, uma empresa pública estadual de Tecnologia da Informação (TI). Denicoli é um dos alvos da Tempus Veritatis, que investiga a preparação de um golpe de Estado no círculo próximo de Bolsonaro. Segundo os investigadores, ele atuou em um esquema para divulgar notícias falsas sobre o sistema eleitoral. Tarcísio também é cobrado por bolsonaristas a prestar apoio público ao ex-presidente, e enfrentou críticas após ter subido em palanque com Lula e elogiado o PAC.

O coronel aposentado da Polícia Militar Ricardo de Mello Araújo, que foi indicado por Bolsonaro para ser vice na chapa de Ricardo Nunes (MDB) à reeleição como prefeito de São Paulo, publicou nas redes um vídeo com cobranças durante o fim de semana, marcando o perfil de Tarcísio. "Os governadores têm uma responsabilidade muito grande. Muitos foram eleitos nas costas do Bolsonaro", disse o ex-comandante da Rota, considerada a tropa de elite da PM de São Paulo. "Cadê o povo da direita se manifestando?", acrescentou.

Tarcísio também é pressionado a participar da manifestação convocada por Bolsonaro para 25 de fevereiro na capital paulista. O ex-ministro e governador paulista é tido como principal aposta da direita, no momento, para 2026, mas seu afastamento da ala mais radical do bolsonarismo vem causando insatisfação no entorno do ex-presidente. Mesmo mantendo apoio ao ex-chefe, a gravidade das acusações e das provas coletadas pela PF pode fazer com que Tarcísio se distancie ainda mais do aliado.

Operação da PF

Cláudio Castro, por sua vez, enfrenta uma situação mais turbulenta eleitoralmente. Ele é do PL, partido em cuja sede foram encontradas minutas golpistas, e que teve seu presidente, Valdemar da Costa Neto, preso. Mesmo antes disso, o futuro da legenda no Rio já era incerto após o principal nome à prefeitura carioca, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ser alvo de outra operação da PF, que investiga a criação de uma estrutura paralela dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Há dúvidas agora sobre a viabilidade da candidatura de Ramagem, e falta uma alternativa forte para substituí-lo.

Romeu Zema é outro governador que não se manifestou sobre a operação contra Bolsonaro. Curiosamente, ele estava ao lado do presidente Lula no dia em que ela foi deflagrada, quinta-feira passada. Do trio de opositores no Sudeste, Zema é o governador que mais atacou a gestão federal, especialmente no ano passado. Porém, acumula acenos ao eleitorado radical, garantindo recentemente que as vacinas não serão obrigatórias para alunos da rede estadual de educação — gerando críticas do governo federal. O governador mantém sua intenção de concorrer em 2026.

 


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