O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou, nesta terça-feira, a dividir o palanque com um de seus principais opositores. O chefe do Executivo federal e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, trocaram acenos na entrega de 832 unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida em Magé. O gestor é do PL e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na última sexta-feira, o petista esteve com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, outro que é próximo de Bolsonaro, a quem também fez afagos.
No início do mês, Lula decidiu fazer uma rodada de visitas a estados que elegeram governadores da oposição no ano passado. Além disso, os entes federativos são os maiores colégios eleitorais: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Nesta quarta-feira (7/2) e quinta-feira (8/2), ele tem compromissos em Belo Horizonte.
Na solenidade desta terça-feira, Castro foi o primeiro a se manifestar. "O senhor (Lula) sempre foi e continua sendo muito bem-vindo ao Rio de Janeiro", destacou o governador. Ele ressaltou a importância da retomada do programa habitacional. "É assim, senhor presidente, que a gente acredita que é o verdadeiro pacto federativo. As eleições definitivamente acabaram, e nós temos que trabalhar juntos", acrescentou. O gestor foi vaiado pela plateia antes de sua fala, mas arrancou aplausos ao elogiar o petista.
Lula, por sua vez, fez críticas à disseminação do ódio e das fake news nas redes sociais. Embora tenha evitado ataques diretos à gestão Bolsonaro, enfatizou suas ações no Rio. "Quero dizer ao governador do estado (Castro): eu já fiz uma vez e vou fazer. Digo olhando na cara de todo mundo, inclusive da imprensa. Duvido que, na história do país, um presidente da República já investiu mais no Rio de Janeiro do que eu investi de 2003 a 2010", discursou.
O petista também assinalou a intenção de investir na indústria naval, na exploração de petróleo e na segurança pública - a grande crise das cidades fluminenses. "Este estado aqui não nasceu para sair nas páginas policiais. Não nasceu para ser dominado pelo crime organizado", frisou.
A aproximação com opositores ocorre em pleno ano eleitoral. O governo articula suas candidaturas para São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte — além das outras capitais. O presidente foi derrotado nessas cidades em 2022.
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Institutos federais
O presidente aproveitou o evento para informar sobre a construção de novos institutos federais no Rio. Dirigindo-se ao prefeito de Magé, Renato Cozzolino (PP), afirmou que o anúncio não estava na agenda, mas que ele terá uma unidade na cidade, até 2026, para qualificar os jovens.
À tarde, Lula almoçou com o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, e com a deputada federal e ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro (União-RJ). O casal está entre os principais aliados do presidente no entorno do Rio de Janeiro, reduto bolsonarista. Daniela integrou o governo federal, mas foi demitida para o presidente acomodar o Centrão.
Depois, Lula participou da inauguração da Escola Municipal Arthur Araújo Lula da Silva, batizada em homenagem ao neto dele, que morreu em 2019.
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