O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou nesta terça-feira (6/2) a dividir o palanque com um de seus principais opositores. O petista e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, trocaram acenos durante a entrega de 832 unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida em Magé, no interior fluminense. Castro é do PL e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, do mesmo partido. No fim de semana, Lula esteve com o governador paulista, Tarcísio de Freitas, também próximo de Bolsonaro, a quem fez afagos.
O chefe do Executivo decidiu fazer, no início de fevereiro, uma rodada de visitas a São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, estados que elegeram governadores da oposição no ano passado e que são também os maiores colégios eleitorais.
Nos próximos dois dias, o petista tem compromissos em Belo Horizonte. O governador mineiro, Romeu Zema (Novo), também é aliado do bolsonarismo, mas aceitou o convite do presidente para participar nesta quinta (8/2) do calendário do leilão de concessão da BR-381, abarcada pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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Durante a solenidade, Castro foi o primeiro a se manifestar. “O senhor [Lula] sempre foi e continua sendo muito bem-vindo no Rio de Janeiro”, começou o governador, cumprimentando a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e os ministros presentes.
Castro ressaltou a importância da retomada do programa habitacional. “É assim, senhor presidente, que a gente acredita que é o verdadeiro pacto federativo. As eleições definitivamente acabaram, e nós temos que trabalhar juntos”, acrescentou. O governador chegou a ser vaiado pela plateia antes de sua fala, mas arrancou aplausos ao elogiar o petista.
Lula, por sua vez, teceu críticas contra a disseminação do ódio e das fake news nas redes sociais. Embora tenha evitado ataques diretos à gestão Bolsonaro, o presidente enfatizou suas ações no Rio. “Eu quero dizer ao governador do estado [Castro]: eu já fiz uma vez, e vou fazer. Eu digo olhando na cara de todo mundo, inclusive da imprensa. Duvido que, na história do país, um presidente da República já investiu mais no Rio de Janeiro do que eu investi de 2003 a 2010”, discursou. Ele elogiou ainda o prefeito de Magé, Renato Cozzolino (PP), comentou que não perguntou de qual partido era e brincou que tomaria uma “cachaça das boas” com ele.
Eleições municipais
O presidente também assinalou a intenção de investir na indústria naval e na exploração de petróleo, além do enfrentamento na segurança pública — a grande crise das cidades fluminenses. “Esse estado aqui não nasceu para sair nas páginas policiais. Não nasceu para ser dominado pelo crime organizado”, frisou Lula.
A aproximação com opositores ocorre em pelo ano eleitoral. O governo já articula suas candidaturas para São Paulo, Rio e BH, além das outras capitais. O presidente foi derrotado nessas cidades, em 2022. Lula conseguiu gestos conciliadores de Castro e Tarcísio — mas que não deixaram de assinalar sua posição como opositores. Resta saber como será o discurso de Zema, mais combativo e próximo do bolsonarismo.
O governo federal realizou hoje o lançamento simultâneo de unidades do Minha Casa Minha Vida em São Paulo, Rio, Bahia e Minas. Foram 832 unidades em Magé (RJ); 200 em Paracatu (MG); 152 em Euclides da Cunha (BA); e 144 em Santo Antônio da Posse (SP). Ao todo, foram mais de R$ 95 milhões em investimentos públicos.
À tarde, Lula almoçou com o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, e com a deputada federal e ex-ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União-RJ). O casal está entre os maiores aliados do petista no entorno do Rio de Janeiro, reduto bolsonarista. Daniela chegou a integrar o governo, mas foi demitida em reforma ministerial para acomodar o Centrão. Depois, ainda em Belford Roxo, o presidente participou da inauguração da Escola Municipal Arthur Araújo Lula da Silva, batizada em homenagem ao neto do presidente, que faleceu em 2019.
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