"ABIN PARALELA"

Torres, Doria e Randolfe foram espionados pela Abin, diz TV

Fontes consultadas pelo Correio apontam que havia esforço para vigiar os passos de políticos críticos ao governo da época

Deputados, senadores e até ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro foram espionados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente. De acordo com o Jornal da Band, na lista de autoridades alvo do monitoramento estão Anderson Torres, o general Santos Cruz, João Doria, Randolfe Rodrigues e Abraham Weintraub.

Torres era ministro da Justiça, Santos Cruz da Secretaria de Governo e Weintraub ocupava a pasta da educação. De acordo com a emissora, a lista inclui ainda a cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, como o presidente do colegiado, Omar Aziz, e o relator, Randolfe Rodrigues. Outros nomes que aparecem são dos deputados Kim Kataguiri e Humberto Costa.

O governador de São Paulo, João Dória, também aparece ao lado de outros nomes que já eram conhecidos, como do ministro Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), além do atual ministro da Educação, Camilo Santana. Ao Correio, fontes da Polícia Federal confirmaram que Humberto Costa, Santos Cruz e João Dória foram espionados, de acordo com o que foi identificado pela investigação até o momento.

O foco das investigações são os destinatários de informações coletadas ilegalmente de 1,8 mil pessoas, entre elas deputados, jornalistas, advogados e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na semana passada, o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin, foi alvo de mandados de busca e apreensão. Para realizar a espionagem, os integrantes do grupo utilizavam o software First Mile - que atua interceptando o sinal de celular dos alvos, baseado em pulsos enviados para torres de telefonia. Foram registrados 66 mil logs, ou seja, acessos indevidos. Além deste programa, outros eram usados para acessar informações mais profundas, como mensagens de texto e conteúdo das redes sociais de quem era monitorado.

Em nota, a PF informou que ainda está realizando a análise dos matérias apreendidos na Operação Última Milha e diz que ainda não há informações conclusivas sobre quem eram as pessoas monitoras pela "Abin paralela".

"Diferentemente do que foi divulgado pela imprensa nesta sexta-feira (2/2), não há, até o momento, informações conclusivas referentes a todos os titulares e usuários das linhas telefônicas monitoradas através do software First Mile. Não procedem, dessa forma, quaisquer informações referentes a nomes de autoridades ou outras pessoas eventualmente monitoradas.  As investigações seguem em sigilo, sem data prevista para encerramento", diz trecho da nota. 

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