O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), afirmou, nesta quinta-feira (1º/2), que o desejo dos senadores de oposição pelo andamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata do fim do foro privilegiado seria “por conveniência”.
Na quarta (31/1), os parlamentares se encontraram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pedindo por uma posição “firme” em relação às operações da Polícia Federal que tiveram como alvos os deputados Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara suspeito de ter participado dos bloqueios das estradas após o segundo turno das eleições de 2022, e Alexandre Ramagem (PL-RJ), supostamente envolvido em um esquema de espionagem a autoridades enquanto era diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Entre as propostas sugeridas pelos senadores estava a PEC do fim do foro privilegiado, que aguarda votação no plenário da Casa Baixa desde junho de 2017.
“Me parece que tem aí um foro por conveniência. Eu mesmo fui relator da PEC do foro no Senado Federal e o defendi porque tinha um papel a ser cumprido naquele momento para evitar privilégios parlamentares. Quando o Supremo Tribunal Federal passa a perseguir a contravenção e crimes, aí reabre o debate por conveniência. Parece uma circunstância inusitada, de foro por conveniência. (...) Quando a Justiça passa a perseguir o crime num determinado lugar, aí busca, convenientemente, fazer uma mudança de foro”, opinou Randolfe.
O senador relembrou que a PEC foi aprovada no Senado por unanimidade na época e que havia uma “circunstância histórica naquele momento”: “Realmente o foro tinha que ser superado”
No entanto, na avaliação do parlamentar, o momento atual é outro. “Agora, por conta da ação correta do Supremo Tribunal Federal, querer fazer mudança de foro, é uma circunstância de foro por conveniência, ou seja, se nutri foro conforme as circunstâncias.”
“Tem que concluir as investigações que estão no Supremo. Tem que responder pelas investigações, tem que responder quem atentou contra a democracia brasileira, tem que responder quem montou o maior esquema de espionagem fazendo inveja, lamentavelmente, até à ditadura militar. Não pode fazer mudança de foro, com a prerrogativa de função conforme a circunstância e a conveniência. Depois disso, retomamos, e aí, sim, apreciamos a PEC que está na Câmara dos Deputados”, declarou o líder, no Palácio do Planalto, na solenidade de posse do novo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
A PEC em questão visa extinguir o foro privilegiado em casos de crimes comuns, retirando, assim, a competência do STF para julgar ações penais contra deputados, senadores e ministros de Estado. O texto, no entanto, não altera o foro privilegiado em cinco cargos: presidente da República e vice-presidente e presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo.
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