INVESTIGAÇÃO

Zambelli e hacker Delgatti Neto são indiciados pela Polícia Federal

Ação faz parte de investigação sobre invasão ao sistema no CNJ, em janeiro do ano passado. Provas teriam sido encontradas no celular da deputada

Delgatti Neto disse à PF que a parlamentar o teria contratado para fraudar as urnas eletrônicas e inserir um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes -  (crédito: Reprodução/X)
Delgatti Neto disse à PF que a parlamentar o teria contratado para fraudar as urnas eletrônicas e inserir um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes - (crédito: Reprodução/X)

A Polícia Federal indiciou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e hacker Walter Delgatti Neto por suspeita de terem cometido os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. A ação se refere ao ataque ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), registrada em 4 de janeiro de 2023.

Delgatti Neto disse à PF que a parlamentar o teria contratado para fraudar as urnas eletrônicas e inserir um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no sistema do CNJ. Ele teria recebido R$ 13 mil, pagos por assessores de Carla Zambelli. Ela, no entanto, alegou que o dinheiro repassado se refere a serviços para o site dela.

Provas no celular

Segundo o relatório, Delgatti Neto foi "instigado pela parlamentar para acessar o sistema do CNJ, com o intuito de causar prejuízo à imagem do Judiciário e de um ministro do STF [...]", "tanto que [Zambelli] recebeu os documentos comprovando as invasões ao sistema e as inserções de documentos falsos".

"A conduta da mesma é incompatível com a atividade parlamentar, pois colocou em risco um Poder da República, o Judiciário, assim como a imagem do Poder Legislativo", concluiu a corporação.

Os investigadores também afirmaram encontraram documentos falsos inseridos por Delgatti Neto nos sistemas do Judiciário no celular de Zambelli. Ela teria baixado os itens. A PF achou um recibo de bloqueio de bens de Moraes, no valor de R$ 22,9 milhões, e a minuta do mandado de prisão contra o magistrado, criada no computador do hacker em 4 de janeiro, às 17h12, e no celular da deputada na mesma data.

O relatório da Polícia Federal será analisado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se denuncia ou não Zambelli ao Supremo Tribunal Federal (STF). O relator dessa investigação na Corte é o ministro Alexandre de Moraes.

Em agosto, o gabinete na Câmara dos Deputados e o apartamento funcional que a deputada ocupa, na capital, foram alvos de busca e apreensão por parte da PF. Foram cumpridos ainda mandados contra alguns de seus assessores e um de prisão preventiva contra o hacker.

O Correio entrou em contato com a equipe da deputada Carla Zambelli para ouvir uma posição sobre o indiciamento, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. A defesa de Delgatti Neto não foi localizada. O espaço permanece aberto para manifestação das partes.

Hacker da ‘vaza-jato’

Walter Delgatti Neto ficou conhecido por hackear trocas de mensagens do ex-juiz da Operação Lava-Jato Sérgio Moro, hoje senador, e do ex-procurador da República e deputado cassado Deltan Dallagnol. Ele afirmou aos investigadores que Carla Zambelli pediu para que ele invadisse as urnas eletrônicas, além da conta de e-mail e telefone do ministro Alexandre de Moraes.

O hacker também informou à Polícia Federal que se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro, em agosto de 2022, por intermediação da deputada federal. Ele relatou que o ex-chefe do Executivo questionou se era possível invadir o sistema de votação do TSE.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 29/02/2024 20:34 / atualizado em 29/02/2024 21:32
x