manifestação

Para defesa, Bolsonaro não admitiu saber de minuta em ato na Paulista

À saída da PF, onde o ex-presidente foi depor a respeito de ter molestado uma baleia com um jet ski, advogados negam que ele soube antecipadamente de documento que propunha golpe de Estado

O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (C) canta o hino nacional ao lado de sua esposa Michelle Bolsonaro (R) e do pastor Silas Malafaia (L) durante um comício em São Paulo -  (crédito: NELSON ALMEIDA / AFP)
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (C) canta o hino nacional ao lado de sua esposa Michelle Bolsonaro (R) e do pastor Silas Malafaia (L) durante um comício em São Paulo - (crédito: NELSON ALMEIDA / AFP)

Jair Bolsonaro compareceu, ontem, à Superintendência da Polícia Federal (PF) de São Paulo para prestar esclarecimentos sobre uma suposta "importunação intencional" a uma baleia jubarte. À saída, ao serem indagados se o ex-presidente admitiu, na manifestação de domingo, na Avenida Paulista, que sabia da "minuta do golpe", seus advogados afirmaram que ele só teve acesso ao documento no fim do ano passado.

Segundo os defensores Paulo Amador da Cunha Bueno e Fabio Wajngarten, Bolsonaro teve contato com a "minuta" pela própria defesa, quando o texto já constava na investigação da PF — que apura a suspeita de tentativa de golpe de Estado. "As minutas a que o presidente se referia foram encontradas na sala do PL por ocasião da busca e apreensão, há 15 dias (na Operação Tempus Veritatis). Foram minutas que eu, enquanto advogado, encaminhei para ele, no dia 18 de outubro de 2023. Portanto, ele comentava sobre algo que teve conhecimento muito tempo depois", afirmou Cunha Bueno.

O advogado havia afirmado, em 9 de fevereiro, um dia depois da operação que apreendeu o documento na sala de Bolsonaro, na sede do PL, que repassou a minuta ao ex-presidente para ele "tomar pé de todos os elementos constantes na investigação". Bueno declarou que, se as autoridades policiais veem no comentário de Bolsonaro, em cima do carro de som, uma confissão, a investigação é de "uma pobreza muito grande de elementos". "É uma investigação semi-secreta, na qual a defesa não tem acesso e, ao que parece, não tem acesso justamente pela fraqueza de elementos", criticou.

Baleia

Sobre a a suposta importunação à baleia, Bolsonaro negou aos agentes da PF as acusações e afirmou que desconhecia as regras sobre a proximidade com o animal. Segundo seus advogados, o ex-presidente não teve qualquer intenção de irritar o bicho.

"Você não consegue controlar um animal daquele tamanho, que surge, emerge debaixo da água. É exatamente o que aconteceu. O presidente tomou todas as precauções a partir do momento em que avista a baleia", disse o advogado Daniel Tesser, que também acompanhou Bolsonaro.

O episódio foi no ano passado, em São Sebastião (SP), quando o ex-presidente apareceu em vídeos publicados nas redes sociais pilotando uma moto aquática, com motor ligado, em uma proximidade do animal considerada imprópria. A PF investiga se foi violada a lei que proíbe a pesca ou o "molestamento intencional" de baleias.

"Ele nem sabia que tinha essa proibição, mas, mesmo assim, tomou todos os cuidados necessários para não criar nenhum tipo de interferência", acrescentou Tesser.

Segundo a Portaria 117/96 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), é proibido que embarcações aproximem-se de qualquer espécie de baleia, com o motor ligado, e fiquem a menos de 100m de distância. O texto também veda o reacionamento do motor antes de avistar claramente os animais na superfície ou a uma distância de, no mínimo, 50m da embarcação.

Foi a sétima vez que Bolsonaro prestou depoimento à PF desde que deixou a Presidência. (Com Agência Estado)

 

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postado em 28/02/2024 03:55
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