Embora a articulação política não tenha tirado férias, passado o carnaval, a disputa eleitoral retornou a todo vapor nas principais capitais do país. E o calendário eleitoral é um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no ato conclamado para hoje à tarde, em São Paulo. Pré-candidatos e postulantes a uma cadeira nos municípios confirmaram presença na Avenida Paulista. Muitos, em busca de uma foto ao lado do importante garoto-propaganda.
A maior cidade brasileira, apesar das suas especificidades, deve protagonizar uma reprise da disputa entre o petismo lulista e a extrema direita bolsonarista, assim como na corrida presidencial de 2022. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex Jair Bolsonaro devem ser os principais cabos eleitorais no pleito municipal.
Na sexta-feira, ao lado do prefeito carioca e pré-candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD), Lula inaugurou obras no Rio de Janeiro e criticou Bolsonaro, mesmo sem citar nominalmente o ex-presidente. Já em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), terá o apoio de Bolsonaro, que conta com o evento de hoje para demonstrar musculatura política.
Embora o apoio de uma parcela fiel do eleitorado brasileiro, o
ex-presidente fechou a semana acumulando ainda mais desgastes. A deterioração de sua situação jurídica é fruto do avanço das investigações sobre uma possível tentativa de golpe de Estado, em oposição ao resultado das urnas em 2022.
Mas o ato público na Avenida Paulista, justificado como forma de mostrar força e tentar constranger o avanço das investigações — reforçando a narrativa de injustiçado e perseguido político —, servirá como termômetro para Bolsonaro. Outro importante propósito consiste na renovação do arquivo de imagens para as campanhas municipais. Os pré-candidatos presentes em São Paulo pretendem contar com o prestígio de Bolsonaro como um poderoso garoto-propaganda na disputa de outubro.
Prefeitura
O prefeito de São Paulo, afilhado político do presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP) — um dos articuladores da adesão da legenda ao governo com a ida da correligionária Simone Tebet para o Ministério do Planejamento —, já garantiu o apoio de Bolsonaro para enfrentar o deputado Guilherme Boulos (Psol), candidato apoiado por Lula.
Nunes, que ainda tem o desafio de fechar seu candidato a vice, confirmou que estará, hoje, com Bolsonaro na Av. Paulista. Boulos, atual líder nas pesquisas de opinião na cidade de São Paulo, ironizou o adversário. "Esse prefeito se comporta como 'tchutchuca' do Bolsonaro, não como prefeito da cidade de São Paulo", disse o psolista, na quinta-feira, ao lado da candidata à vice, a ex-prefeita Marta Suplicy, que, pela mão de Lula, está de volta ao PT.
Com aposta na polarização e na nacionalização das eleições municipais, a deputada Tabata Amaral (PSB), corre por fora como terceira via, mas segundo as pesquisas de opinião, ainda não conseguiu deslanchar na intenção de voto entre os paulistanos. A parlamentar tem esperança de segurar o comunicador José Luiz Datena como candidato a vice e conseguir decolar na disputa. Contudo, frente ao histórico de diversos ensaios e desistências do apresentador em concorrer a um cargo eletivo, a possibilidade é entendida como remota por analistas políticos.
Polarização
Apesar de cinco pré-candidatos conhecidos na corrida ao Palácio do Anhangabaú, os apoiados por Lula e Bolsonaro detêm as primeiras posições nas pesquisas de intenção de voto. No levantamento da Paraná Pesquisas, realizado de 14 a 19 de fevereiro e registrado no TSE sob o número SP-01843-2024, Boulos aparece como favorito, com 33% das intenções. Tecnicamente empatado, o prefeito Nunes ocupa a segundo posição, com 32% das preferências.
Reproduzindo a polarização da disputa eleitoral de 2022, a terceira colocada é Tabata Amaral, que soma 9,7% das intenções entre os eleitores da capital paulista.
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