Entre os especialistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi criticado por comparar a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto. A professora de direito internacional da Universidade de São Paulo Maristela Basso classificou como "desastrosa" a declaração do presidente.
"Vai trazer muitos prejuízos para o Brasil. Não só bilateral, mas também no cenário multilateral, porque os aliados de Israel e que são países importantes também vão ver o Brasil, a partir de agora, de forma muito mais pragmática e com muito menos otimismo", avaliou. "No contexto internacional geral, qualquer chefe de Estado está vendo no Brasil um país liderado por um falastrão, por alguém que, de fato, não reflete sobre suas palavras nem sobre as consequências que elas possam gerar. O descrédito do Brasil é grande. Já vinha sendo desconstruído o crédito do Brasil há algum tempo, mas, agora, com essa última fala, parece que o presidente Lula jogou o Brasil precipício abaixo."
Para ela, a única maneira de superar a crise é com um pedido de desculpas. "Não há outra forma que não seja a retratação. Vemos o potencial explosivo que a declaração de Lula tem junto às comunidades antissemitas. Internamente, essa declaração também tem um efeito nefasto, que é, de uma certa forma, legitimar aqueles que são contrários ao Estado de Israel e contrários ao povo judeu, de se sentirem fortalecidos ou até legitimados depois de uma declaração como essa."
"Por outro lado, em que termos ele vai pedir desculpas? Que não quis dizer o que de fato disse? É um desastre tremendo. Estamos diante de uma situação muito aviltante e constrangedora", emendou.
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Na opinião de Wagner Parente, consultor em relações internacionais e CEO da BMJ Consultores Associados, "Lula errou feio", e as falas serviram como munição ao governo de Netanyahu.
"Lula errou fazendo qualquer tipo de comparação do que ocorreu na Faixa de Gaza com o Holocausto. Por outro lado, Benjamin está nas cordas e vê no governo Lula um ótimo antagonista. Não por acaso, ele fez todo esse teatro, convocando o diplomata brasileiro e a imprensa ao Museu do Holocausto e comunicar ao diplomata em público, quase, que seu presidente é uma persona non grata. Foi um ato político midiático", frisou. "É mais uma demonstração de que o Netanyahu está procurando fatos políticos. Acho que, no curto prazo, deve diminuir a temperatura, e, aos poucos, a relação Brasil e Israel vai voltando ao normal, porque os laços culturais são muito fortes. Não interessa a ninguém esse nível de tensão entre os países", acrescentou.
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