O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça criticou a postura do governo brasileiro em relação a Israel. Durante participação em um culto da Igreja Presbiteriana de Pinheiros (SP), no domingo (18/2), o magistrado relatou a recente visita dele ao território israelense, após o ataque do grupo extremista Hamas.
André Mendonça afirmou que teve um almoço com o embaixador brasileiro em Israel, ouviu relatos das vítimas que moravam nos kibutz (comunidades agrárias comunitárias) e defendeu a imparcialidade na diplomacia do Brasil, criticando o apoio à petição apresentada pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia (Holanda), pela "intenção israelense de destruir e cometer genocídio na Faixa de Gaza".
Segundo o ministro, a imparcialidade do Brasil nessa ação seria o "melhor caminho para sermos um agente de paz". O Brasil decidiu apoiar acusação contra Israel na Corte Internacional.
"Nós tivemos, primeiro ou segundo dia que chegamos em Israel um almoço com um embaixador brasileiro lá em Israel. Eu fiz uma colocação: 'Embaixador, a nossa diplomacia é marcada por uma busca de equilíbrio e imparcialidade. O senhor não acha que talvez se nós caminharmos mais nesse sentido, em vez de endossarmos uma petição da África do Sul acusando de Israel de genocídio, seria um melhor caminho para nós sermos um agente de paz?' Ele me respondeu, 'o mundo de hoje não há espaço para o cinza. Ou é preto ou é branco, e o país tomou a sua posição'", lembrou André Mendonça.
Em seguida, ele disse que tomou a posição dele e diz que defende devolução dos sequestrados.
"Eu tomei minha posição. Eu defendo a devolução de todos os sequestrados. E acho que o erro maior é apoiar um grupo terrorista que mata crianças, jovens e idosos gratuitamente", disse o ministro André Mendonça.
"A esperança para Israel não está em vencer o Hamas, está em Deus. O que não significa defender e justificar atos terroristas", declarou o ministro.
A fala do ministro do STF veio logo após as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparando a guerra na Faixa de Gaza com o Holocausto. No domingo (18/2), Lula acusou Israel de cometer genocídio contra civis palestinos na Faixa de Gaza e comparou as ações com a campanha de Adolf Hitler para exterminar os judeus.
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O presidente brasileiro acrescentou que o conflito "não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças". "O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", afirmou Lula durante coletiva em Adis Abeba, na Etiópia, onde participou como convidado da cúpula anual da União Africana.
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