Mesmo caçados por mais de 300 agentes — inclusive com uso de helicópteros e drones —, os dois detentos de alta periculosidade que escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) seguem foragidos mais de 72 horas após a fuga, o que aumenta a pressão sobre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
Nesta sexta-feira, agentes da Polícia Federal informaram ter encontrado pistas do paradeiro de Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, dois integrantes do Comando Vermelho, uma das maiores facções do país.
Uma pegada, calçado, roupas, lençóis e uma corda foram achadas em uma região de mata, na zona rural de Mossoró. Uma camiseta do uniforme do presídio também estava na área.
Além disso, a PF recolheu material biológico na propriedade em que os fugitivos teriam furtado alimento, roupas e outros objetos. As amostras serão encaminhada para o Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília, e comparadas com as informações genéticas dos criminosos. A análise terá prioridade, e os resultados poderão ficar prontos em até três dias.
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Os mais de 300 homens de grupamentos especializados estão cobrindo um perímetro de 15 quilômetros. A distância foi estimada pelos investigadores levando em consideração que os fugitivos estão a pé, e nenhum roubo de veículo foi registrado.
Também nesta sexta-feira, Lewandowski decidiu prorrogar a suspensão do banho de sol e visitas até a próxima quarta-feira. Inicialmente, a medida teria validade por 48 horas. No entanto, com a demora na recaptura dos condenados, as ações foram estendidas.
Lewandowski, que estava acostumado com a tranquilidade dos gabinetes e corredores do Supremo Tribunal Federal (STF), entrou na rotina turbulenta do Ministério da Justiça, em que qualquer falha respinga diretamente no presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pode ter fortes consequências políticas e sociais.
Alerta
Ao mesmo tempo em que ele sofre pressão para elevar a rigidez das normas do sistema penitenciário federal, é alertado que medidas mais enérgicas, passíveis de atingir todos os detentos dessas unidades, podem provocar reações de líderes do crime organizado.
Em coletiva de imprensa na quinta-feira, Lewandowski relatou como ocorreu a escapada. "Verificamos que havia defeitos na construção do presídio. Houve uma fuga pela luminária da cela e, em vez de essa luminária e o entorno estarem protegidos por uma laje de concreto, estava protegida e fechada por um simples trabalho comum de alvenaria", disse. "Outro problema diz respeito à própria técnica construtiva, o projeto. Quando os detentos fugiram pela luminária, eles entraram naquilo que se chama shaft, o local em que se faz a manutenção, onde estão máquinas e fiações. De lá, conseguiram alcançar o teto do sistema prisional. Então, também não havia laje, grade, nenhum sistema de proteção."
Uma imagem divulgada nesta sexta-feira mostra um buraco na cela de um dos dois detentos.
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