O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira (15/2) que o Brasil fará doações para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) mesmo após grandes potências anunciarem o corte de recursos. O boicote ocorre após denúncias por Israel de que funcionários do órgão teriam participado dos ataques do grupo extremista Hamas em 7 de outubro.
Durante seu discurso na Liga Árabe, Lula enfatizou que as denúncias devem ser investigadas, mas criticou a decisão de países ricos de parar de financiar a agência. A UNRWA atende cerca de 5,9 milhões de refugiados palestinos dentro e fora da Faixa de Gaza, oferecendo atendimento humanitário, saúde e educação.
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"No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária à Agência da ONU para os Refugiados da Palestina. As recentes denúncias contra funcionários da agência precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la. Refugiados palestinos na Jordânia, na Síria e no Líbano também ficarão desamparados", declarou Lula.
O presidente brasileiro participou como convidado em reunião da Liga Árabe no Cairo, capital do Egito. O grupo reúne os 22 países árabes do norte da África e do Oriente Médio, e inclui a Palestina.
"É preciso pôr fim a essa desumanidade e covardia. Basta de punição coletiva. Meu governo fará novo aporte de recursos para a UNRWA. Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições", acrescentou ainda Lula.
Denunciados foram demitidos
No fim de janeiro, Israel apresentou à Organização das Nações Unidas (ONU) denúncia contra 12 dos funcionários da UNRWA, que supostamente estariam envolvidos nos ataques do Hamas em 7 de outubro, que deram origem à guerra. A agência demitiu nove dos 12 denunciados por Israel e iniciou um processo de investigação que deve ser concluído em março.
Porém, mais de 15 países anunciaram que vão suspender ou revisar as doações para a agência após as denúncias de Israel. São eles: Estados Unidos, Alemanha, União Europeia, Suécia, Japão, França, Suíça, Canadá, Reino Unido, Países Baixos, Austrália, Itália, Áustria, Finlândia, Nova Zelândia, Islândia, Romênia e Estônia. As nações respondem por grande parte dos recursos destinados à agência.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que as denúncias estão sendo apuradas e os envolvidos em atos terroristas serão duramente punidos. Porém, ele frisou que as mais de dois milhões de pessoas que estão na faixa de Gaza dependem da ajuda humanitária fornecida pela agência.
"As dezenas de milhares de homens e mulheres que trabalham para a URNWA, muitos dos quais nas mais perigosas condições para trabalhadores humanitários, não devem ser penalizados", declarou Guterres.
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