CÂMARA DOS DEPUTADOS

Líder do PSB sobre saída do blocão de Lira: "Limitação era gigante"

Gervásio Maia (PB) se queixa das restrições impostas a seu partido, que restringiam ações de parlamentares de "vida legislativa forte"

A tendência é a bancada socialista se aliar ao bloco do MDB, que tem outros três partidos - PSD, Republicanos e Podemos. -  (crédito: Marina Ramos/Câmara dos Deputados )
A tendência é a bancada socialista se aliar ao bloco do MDB, que tem outros três partidos - PSD, Republicanos e Podemos. - (crédito: Marina Ramos/Câmara dos Deputados )

A guinada da bancada do PSB na Câmara, que decidiu deixar o "blocão" comandado pelo presidente Arthur Lira (PP-AL), é atribuída ao novo líder do partido na casa, o deputado Gervásio Maia (PB), que tem perfil mais à esquerda do partido e próximo do Palácio do Planalto. As últimas 24 horas de sua rotina foram intensas.

Maia passou esse tempo articulando para que o PSB deixasse esse grupo, integrado por partidos do Centrão e cuja aliança incomoda parlamentares do partido desde o ano passado, quando o bloco foi formado. Para viabilizar o desligamento, o tempo urgia. Era preciso que a efetivação da medida se desse ontem, antes do início da sessão legislativa ou ficaria inviável — é a previsão do regimento.

Ao Correio, Gervásio Maia relatou essa história. Ontem, ele se reuniu na casa do deputado Doutor Luizinho (PP-RJ), que acumula a liderança do partido de Lira e também do "blocão". Estava presente ainda Elmar Nascimento (União Brasil-BA), líder de seu partido e que detém poder de comando sobre seus aliados. Juntou-se a esse grupo o líder do PDT, Afonso Motta (RS), legenda que, apesar de integrar o governo Lula, integra o bloco.

"Antes, já tinha procurado o presidente Lira, semana passada, e anunciei a tendência de saída, que era uma coisa da bancada. Já nessa reunião com os líderes (ontem),mostrei que esse era o desejo da maioria da bancada", contou o líder do PSB ao Correio.

Maia contou que o partido, no bloco, estava com uma "limitação gigante", que havia dificuldade de espaço para seu partido e que os critérios de rodízio de liderança, de acordo com tamanho de cada bancada, não os favorecia. E, assim dificultava manifestações dos deputados socialistas no plenário, o uso da palavra e nas orientações de votações, e também nas comissões.

"Nosso partido tem deputados com vida legislativa muito forte. O bloco tem rodízio de líderes, pelo critério de tamanho da bancada. Desse jeito, o PSB não ia liderar o bloco esse ano. Não podia usar a palavra no plenário. Hoje, sozinho, para ter ideia, poderemos usar três minutos no plenário e apresentar destaques", afirmou.

O líder do PSB citou alguns dos deputados com essa atuação forte, casos de Tabata Amaral (SP), Duarte Junior (MA) e Pedro Campos (PE).

Balanço após saída do PSB

A saída do PSB ameaça a liderança do "blocão", que conta com 176 deputados de nove partidos, conta que inclui, ainda, o partido de Gervásio Maia.

A tendência é a bancada socialista se aliar ao bloco do MDB, que tem outros três partidos — PSD, Republicanos e Podemos. É um grupo com legendas de apoio ao governo e que indicaram ministros para a Esplanada. Hoje, esse bloco tem 144 deputados. Se os 14 deputados do PSB aderirem, passa para 158.

Com a perda dos 14, o "blocão" vai cair para 162, ainda na "liderança". Mas passa a ser uma ameaça.

O comportamento de Lira nas últimas semanas também incomodou alguns deputados do partido. O acirramento do enfrentamento como Planalto promovido por Lira desagradou parte da bancada. Dez, dos 14 deputados, assinaram o ofício de desligamento do bloco do presidente da Câmara.

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postado em 06/02/2024 13:46
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