Abin Paralela

Falha em antenas fez com que Abin reforçasse espionagem

Sistema First Mile teve entraves em acessar os dados de clientes da operadora para monitoramento ilegal

 Os investigadores ainda não sabem se a barreira ocorreu em decorrência de uma falha nas antenas ou se a operadora estava tentando conter as invasões, mas acreditam se tratar da primeira hipótese -  (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Os investigadores ainda não sabem se a barreira ocorreu em decorrência de uma falha nas antenas ou se a operadora estava tentando conter as invasões, mas acreditam se tratar da primeira hipótese - (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Uma dificuldade no acesso às antenas da Tim fez com que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) decidisse ampliar em 10% os acessos ilegais contra clientes da operadora. Durante o uso do programa First Mile, usado para espionar críticos durante o governo Bolsonaro, os integrantes da organização criminosa que atuou na entidade tiveram entraves em acessar os alvos que tinham celulares da companhia.

As informações foram obtidas pelo Correio junto com fontes da Polícia Federal. Os investigadores ainda não sabem se a barreira ocorreu em decorrência de uma falha nas antenas ou se a operadora estava tentando conter as invasões, mas acreditam se tratar da primeira hipótese. Em nota ao Correio, a Tim afirma que não tinha conhecimento da espionagem, mas que em 2019, após algumas notícias sobre o caso saírem na imprensa, reforçou seus sistemas de segurança.

Inicialmente, como já revelou o Correio, seriam feitos 30 mil acessos ilegais pela Abin. No entanto, com a renovação do contrato, seriam mais 30 mil, totalizando 60 mil acessos. Porém, com as falhas no acesso ao sinal da Tim, a empresa Cognyte, responsável pelo software espião, concedeu um "bônus" para os integrantes da Abin, permitindo mais 6 mil acessos.

O esquema teve como alvos políticos, jornalistas, advogados e personalidades críticas ao governo federal da época. Foram monitoradas pelo menos 1.800 pessoas. O esquema de monitoramento clandestino com uso de ferramentas do poder público ocorreram entre os anos de 2019 e 2021, de acordo com informações que foram enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Procurada para comentar o caso, a Tim disse que informou os fatos a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e que está colaborando com as autoridades. "A TIM esclarece que apenas tomou conhecimento sobre a utilização da ferramenta de monitoramento após as notícias veiculadas pela mídia. Além disso, o fato foi informado à Anatel, por meio de manifestação, em abril do ano passado, ressaltando que não sofreu nenhuma invasão ou vazamento de dados", destacou.

"A operadora reforça seu compromisso com a privacidade dos clientes, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), destacando medidas contínuas para mitigar eventuais vulnerabilidades trazidas pelo tipo de dispositivo destacado nas matérias desde 2019. A empresa está à disposição da Anatel para esclarecimentos adicionais, evidenciando sua postura sempre proativa na proteção da privacidade dos usuários e na segurança da rede”, completa o texto da operadora.

Tags

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 02/02/2024 21:32 / atualizado em 03/02/2024 15:24
x