O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participaram nesta sexta-feira (2/2) do evento em comemoração aos 132 anos do Porto de Santos. O petista caracterizou o evento como um "ato civilizatório".
"Esse ato aqui, mais do que o anúncio, significa que precisamos restaurar esse país à normalidade, e a normalidade é a gente respeitar o direito à diferença", disse Lula. Na ocasião, o chefe do Executivo anunciou investimentos no Túnel Submerso Santos-Guarujá.
Tarcísio foi vaiado pelo público presente, tanto ao chegar quanto ao discursar. Já Lula, ovacionado, teceu elogios ao governador em tom amistoso. Citando os atos golpistas do 8 de janeiro, relatou ter "perdido as eleições" para ele, mas que respeitou o resultado da disputa pelo governo de SP.
"Disputamos com Tarcísio e perdemos as eleições. Não dá para dar um golpe em São Paulo, invadir um prédio. É voltar para casa e se preparar para disputar outra vez. E respeitar o direito do exercício da função de quem ganhou as eleições, senão a democracia fica capenga", defendeu.
Enquanto Lula falava à plateia, alguns presentes gritaram "Vai para o PT" a Tarcísio. Sem graça, o governador caiu na gargalhada. No contexto, o presidente relembrou ter encontrado Tarcísio como engenheiro no Batalhão de Engenharia e Construção do Exército, no Amazonas, em seu primeiro mandato.
Em referências às eleições, Lula disse que se vai preparar para derrotar o ex-ministro de Jair Bolsonaro.
"Em quem ele vai votar, é problema dele, em quem eu vou votar, é problema meu. Mas nós estamos juntos com o compromisso de servir o povo desse estado e o povo brasileiro. Se vocês não sabem, o Tarcísio trabalhou fazendo gasoduto em Manaus quando eu era o presidente. Eu encontrei com Tarcísio no meio da Amazônia quando ele estava trabalhando no gasoduto, quando ele trabalhou (no Dnit) com a Dilma Rousseff. E depois ele foi trabalhar com o Bolsonaro, paciência, é uma opção dele. O que eu vou lamentar? Eu tenho que parabenizá-lo e me preparar para derrotar você nas próximas eleições. É importante você ter claro, Tarcísio, da minha parte não faltará um minuto de respeito ao papel que você exerce em São Paulo. Da mesma forma que eu fiz com o Alckmin", acrescentou.
"A gente não poderia ficar com uma ideia de que o governo federal iria fazer e São Paulo ficar só olhando. Humildemente, falei pro Rui Costa (ministro da Casa Civil) para fazermos uma parceria com o estado. E é assim que a gente tem que governar esse país, um presidente da República não pode ter inimigo, não pode gostar de um estado e não gostar de outro, não pode gostar de uma cidade e não gostar de outra."
Lula também falou sobre "respeito às diferenças" e ressaltou que o governador paulista "terá da Presidência tudo aquilo que for necessário".
"A democracia é o respeito à diversidade, às diferenças, é a gente aprender a conviver com quem a gente não gosta, a gente respeita o direito até da pessoa não gostar da gente. Isso não impede que a gente seja responsável de lidar com as nossas diferenças, e eu quero dizer, governador Tarcísio, eu governei com o Alckmin, com o Serra, e nunca em nenhum momento eu tratei o estado de São Paulo diferente porque ele não pertencia ao meu partido. Eu quero te dizer, Tarcísio, que você terá da Presidência tudo aquilo que for necessário, porque estou beneficiando o estado mais importante da Federação. São Paulo merece respeito e o governador merece ser tratado com muito respeito", continuou.
Tarcísio, por sua vez, agradeceu a parceria com o governo em relação às obras. "Me sinto privilegiado de estar celebrando essa parceria federal para entregar para a população um sonho de 100 anos. E nós vamos fazer esse sonho sair do papel. A gente está falando de R$ 6 bilhões de investimento. Quando a gente soma todo o investimento do túnel, na perimetral e nas casas, a gente passa fácil dos R$ 8 bilhões, presidente Lula, e nós vamos fazer isso juntos. Temos que fazer a diferença na vida do cidadão, vamos deixar um legado trabalhando juntos, muito obrigado pela parceria, presidente Lula", concluiu.
Porto de Santos
O governo anunciou aporte de R$ 5,8 bilhões para o empreendimento, numa articulação entre União, estado e setor privado. Demanda de mais de um século, o túnel vai beneficiar mais de 5 milhões de pessoas, incluindo 1,6 milhão de habitantes da Baixada Santista, e os mais de 4 milhões de turistas que anualmente visitam Guarujá e o litoral Norte paulista.
De acordo com o presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, o porto gera, atualmente, cerca de 50 mil empregos diretos. "Estamos conectados diretamente com 200 países, 600 locais de destinos. Mas podemos mais", pontuou. O porto é o maior do hemisfério Sul e responsável por movimentar quase 30% da balança comercial brasileira.
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