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Indícios apontam para Abin paralela, diz novo diretor-adjunto do órgão

Marco Cepik afirma que o relatório da PF e a decisão do ministro Moraes mostram uma gestão ilegal instalada na agência no governo Bolsonaro. Antecessor dele, demitido por Lula, alega ter ajudado a instruir o inquérito da corporação

O novo diretor-adjunto da Abin, Marco Cepik, disse que as instituições foram
O novo diretor-adjunto da Abin, Marco Cepik, disse que as instituições foram "fortemente atacadas" no governo Bolsonaro - (crédito: Reprodução/Globo News)

Recém-nomeado diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) — órgão alvo de investigação da Polícia Federal por monitoramento ilegal de políticos e autoridades —, Marco Cepik afirmou que as apurações apontam, de fato, para uma "Abin paralela" instalada na gestão do então presidente Jair Bolsonaro. Já o antecessor dele na agência, Alessandro Moretti — ligado ao clã Bolsonaro e demitido na terça-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — argumentou que as investigações sobre a espionagem tiveram início quando ele ocupava o cargo, no início do ano passado.

Cepik destacou que o relatório da Polícia Federal e a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de autorizar diligências contra suspeitos, "dão a entender que o avanço das investigações apontam" para essa ação paralela na agência. "Temos de aguardar o processo, as investigações nas três instâncias e a administrativa e criminal", frisou, em entrevista à Globonews.

Ele enfatizou que não é suficiente detectar se houve ou não esse esquema ilegal dentro da Abin. "Não só para saber se houve, mas quem estava ali. Houve agora também a decisão cautelar de afastamento de diversos policiais federais. O indício é que sim (existe uma Abin paralela)", reiterou ele, um defensor da desmilitarização da agência e favorável que o órgão siga subordinado à Casa Civil.

Já Moretti defendeu sua passagem pelo órgão e afirmou que a investigação interna sobre uso indevido e ilegal do software espião First Mile se deu quando ele era diretor-adjunto da agência. Ressaltou, também, ter colaborado com as diligências da Polícia Federal.

"Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas as suas solicitações à agência. Por essa razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin", sustentou, em nota divulgada à imprensa.

Moretti frisou ter sido sua a decisão de apurar as denúncias que envolviam o sistema. "Após minha determinação, na época como diretor-geral em exercício, é que foram iniciados os trabalhos de apuração interna relacionados ao uso de ferramenta, com a instauração de sindicância investigativa pela Corregedoria-Geral", destacou.

No relatório encaminhado ao STF, a PF destacou que atuais integrantes da cúpula da Abin interferiram e prejudicaram as investigações ao dificultar o acesso a dados. A corporação também afirmou que há um possível "conluio" da gestão anterior com os membros atuais "cujo resultado causou prejuízo para a presente investigação, para os investigados e para a própria instituição".

O ex-diretor comentou ainda que "diversas medidas foram adotadas e muitas outras estão sendo implementadas pela atual gestão para a modernização da gestão da agência, o que garantiu, inclusive, a citada apuração ampla e independente".

O ex-número 2 da Abin aproveitou para defender a agência, "indispensável para o país e essencial para a proteção de nossa sociedade". Disse que o órgão conta com profissionais "altamente capacitados e compromissados".

Ele registrou na nota que nenhum país pode prescindir de uma inteligência profissional "cumpridora dos princípios que regem o Estado Democrático de Direito".

 

 

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postado em 01/02/2024 03:55
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