O diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, número dois do órgão, foi demitido na noite desta terça-feira (30/1), um dia após a Polícia Federal deflagrar uma fase da operação que apura o suposto uso da instituição para espionagem ilegal. Ele será substituído por Marco Cepik que, atualmente, comanda a Escola de Inteligência da Abin. Por outro lado, Luiz Fernando Corrêa foi mantido na chefia da agência.
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A Polícia Federal apura a criação de uma suposta rede criminosa que se instalou no órgão para espionar críticos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a corporação, "os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei".
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente, foi alvo de busca e apreensão na manhã dessa segunda-feira (30). A suspeita é de que assessores dele pediam informações para o ex-diretor da Abin e hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) — que é próximo da família Bolsonaro. Também foram autorizadas buscas na residência do político e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Interferência da Abin
No relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal destacou que os atuais integrantes da cúpula da Abin interferiram e prejudicaram as investigações ao dificultar o acesso a dados. A corporação também afirmou que há um possível “conluio” da gestão anterior com os membros atuais "cujo resultado causou prejuízo para a presente investigação, para os investigados e para a própria instituição".
"A preocupação de 'exposição de documentos' para segurança das operações de 'inteligência', em verdade, é o temor da progressão das investigações com a exposição das verdadeiras ações praticadas na estrutura paralela, anteriormente, existente na Abin", diz o documento.
Marco Cepik, novo diretor-adjunto, é cientista político e já foi diretor-executivo do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV), em Porto Alegre (RS). Outros departamentos do órgão também devem passar por mudanças nos próximos dias.
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